Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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historia<strong>do</strong>r. No caso <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, em nossos primeiros contatos com as fontes,<br />
principalmente correspondências enviadas ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, percebese,<br />
como diz Thompson 15 , relações <strong>de</strong> paternalismo e <strong>de</strong>ferência que, guardadas as<br />
<strong>de</strong>vidas proporções, po<strong>de</strong>m se assemelhar ao caso inglês. Desta maneira, além <strong>do</strong>s<br />
elementos <strong>de</strong> ruptura, preten<strong>de</strong>-se também encontrar elementos <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, é importante fazer uma ressalva, esses elementos <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> não nos<br />
aproximam da concepção antropológica <strong>de</strong> constantes passível <strong>de</strong> isolamento <strong>do</strong>s<br />
contextos sociais particulares. Como diz Thompson:<br />
“Na verda<strong>de</strong>, há <strong>de</strong> se encontrar a estrutura na particularida<strong>de</strong><br />
histórica <strong>do</strong> ‘conjunto <strong>de</strong> relações sociais’ e não em um ritual<br />
ou em uma forma particulares isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas relações. Na<br />
história, novos fenômenos acontecem, e sua organização<br />
estrutural diante <strong>do</strong> conjunto muda à medida que muda a<br />
estrutura das socieda<strong>de</strong>s”. (THOMPSON, 2001, p. 248.)<br />
Procuramos aqui também trabalhar com o conceito <strong>de</strong> classe não como uma<br />
categoria estática, mas como uma categoria que se faz no <strong>de</strong>curso histórico, tanto no<br />
senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser uma formação econômica quanto cultural 16 . Preten<strong>de</strong>mos trabalhar<br />
com o conceito <strong>de</strong> experiência em nossa análise da formação da classe operária em<br />
Salva<strong>do</strong>r, pois como assinala o próprio Thompson:<br />
“... há um sem-número <strong>de</strong> contextos e situações em que<br />
homens e mulheres, ao se conformar com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
sua existência, formulam seus próprios valores e criam sua<br />
cultura própria, intrínsecos ao seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida. Nesses<br />
contextos, não se po<strong>de</strong> conceber o ser social à parte da<br />
consciência social e das normas”. (Ibid., p. 261.)<br />
Portanto, nossa pesquisa, além <strong>de</strong> buscar as falas daqueles estavam em baixo,<br />
procurará compreen<strong>de</strong>r o fenômeno das associações mutualistas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que<br />
possibilite perceber tanto rupturas como continuida<strong>de</strong>s, mas, além disso, perscrutar as<br />
formas como os trabalha<strong>do</strong>res atuavam para obter satisfação às suas necessida<strong>de</strong>s<br />
15 Cf. Edward P. Thompson, As peculiarida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s ingleses e outros artigos. Campinas, SP: Editora da<br />
Unicamp, 2001.<br />
16 Ibid., p. 260.