Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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sofria e por isso mesmo organizava-se para lutar contra os responsáveis por seus<br />
males. O aumento <strong>do</strong>s lucros por parte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>nos das indústrias não era dividi<strong>do</strong> com<br />
os operários, pelo contrário, “procuram sempre escon<strong>de</strong>r os lucros, ‘choram misérias’,<br />
alegam dívidas, o imposto, as reformas e ameaçam <strong>de</strong> fechar as fábricas se lhes<br />
reclamam maior paga” 6 . Então, os trabalha<strong>do</strong>res cansa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serem explora<strong>do</strong>s e<br />
ludibria<strong>do</strong>s por seus patrões se organizariam para reivindicar o que lhes era <strong>de</strong> direito,<br />
este seria o motivo das greves. A exemplo disto, segun<strong>do</strong> Oiticica, temos a greve <strong>de</strong><br />
junho <strong>de</strong> 1917 em S. Paulo. A qual se <strong>de</strong>flagrou “porque os operários, ven<strong>do</strong>-se<br />
instrumentos <strong>de</strong> fortuna súbita <strong>do</strong>s Crespí, Matarazzo e Puglitsi, impuseram alta <strong>do</strong>s<br />
salários, pediram sua participação nos lucros centuplica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s patrões. Estes<br />
resistiram. Queriam ganhar o máximo sozinhos”. 7<br />
Possivelmente, com tais <strong>de</strong>clarações, procurasse atingir os <strong>do</strong>is grupos<br />
en<strong>vol</strong>vi<strong>do</strong>s na questão operária: a classe trabalha<strong>do</strong>ra e a classe mandante. A primeira<br />
possivelmente seria seduzida com idéia da força operária, da gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong> movimento,<br />
que segun<strong>do</strong> José Oiticica não se resumia ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, os operários estavam<br />
uni<strong>do</strong>s à exemplo cita a greve <strong>de</strong> 1917 <strong>de</strong> São Paulo, a qual teria si<strong>do</strong> motivada pelos<br />
mesmos problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelo operaria<strong>do</strong> carioca; a segunda, Oiticica<br />
provavelmente tentava amedrontar com a idéia da iminente <strong>de</strong>rrocada <strong>do</strong> capital, a<br />
partir da “real existência” <strong>de</strong> uma união geral <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Segun<strong>do</strong> Carlos Augusto Ad<strong>do</strong>r, a greve a paulista “tem sua origem<br />
basicamente vinculada ao [...] agravamento das condições <strong>de</strong> existência da classe<br />
operária” 8 . Boris Fausto afirma que tal movimento “abriria uma conjuntura histórica<br />
cujos limites se esten<strong>de</strong>m cronologicamente até 1920” 9 . Corroboran<strong>do</strong> esse<br />
pensamento, Ad<strong>do</strong>r afirma que a greve generalizada, que ocorreu no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
em julho <strong>de</strong> 1917, teve como último elemento incentiva<strong>do</strong>r, as notícias sobre a<br />
movimentação operária paulista. A organização da greve carioca, seria resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
uma intensa atuação da FORJ e também motivada por alguns acontecimentos<br />
imediatos como o <strong>de</strong>sabamento <strong>do</strong> New York Hotel, que ainda estava em construção,<br />
6 OITICICA, José. “O Motivo”. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918<br />
7 OITICICA, José. I<strong>de</strong>m.<br />
8 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição anarquista no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Achiamé,2° Ed.<br />
2002, p.94<br />
9 FAUSTO, Bóris. “Trabalho Urbano e Conflito Social” APUD, ADDOR, Carlos Augusto,IDEM, p.94