Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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que apareceu quase na mesma época” 12 . Apesar <strong>de</strong>sta constatação, que inclusive se<br />
po<strong>de</strong> dizer que influenciou o trabalho <strong>de</strong> Tania R. <strong>de</strong> Luca, não há como retirar Simão<br />
<strong>do</strong> rol <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res que ainda se apegam à uma concepção linear e <strong>de</strong> progresso<br />
da história. Afirmamos isto em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> na mesma página em que o referi<strong>do</strong><br />
pesquisa<strong>do</strong>r afirma que as mutuais não <strong>de</strong>ram origem ao sindicalismo, haver a<br />
afirmação <strong>de</strong> que as primeiras organizações operárias terem si<strong>do</strong> as ligas operárias e<br />
que <strong>de</strong>stas surgiram as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência. Simão, reproduzin<strong>do</strong> excerto <strong>do</strong><br />
jornal A Plebe, <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1922, <strong>de</strong>ixa a enten<strong>de</strong>r a visão <strong>de</strong> progresso entre a<br />
organização e consolidação das formas associativas entre os operários brasileiros:<br />
“As primeiras organizações operárias no Brasil por certo as ligas<br />
operárias que reuniam quase sempre os operários <strong>de</strong> diversos<br />
ofícios e indústrias... (...). Mais tar<strong>de</strong>, apareceram as socieda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> resistência, que já eram núcleos mais homogêneos surgi<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s primeiros centros ou ligas”. (SIMÃO, 1966, p. 162.)<br />
Claro que não se preten<strong>de</strong> aqui fazer julgamentos, contu<strong>do</strong> serve para ilustrar o<br />
quanto eivada <strong>de</strong> um etapismo era, até a década <strong>de</strong> 1980, a compreensão <strong>do</strong><br />
movimento operário e suas formas organizativas. Simão assinala a especificida<strong>de</strong> das<br />
mutuais, mas ainda tem uma postura histórico-linear quan<strong>do</strong> trata das outras formas<br />
<strong>de</strong> organização, tais como os centros e ligas operárias.<br />
Cabe ainda observar que as fontes tais como jornais operários emitiam opiniões<br />
baseadas no posicionamento i<strong>de</strong>ológico que orientava sua redação. Portanto, caberia<br />
uma crítica mais acurada <strong>do</strong> posicionamento axiológico <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses periódicos.<br />
Visto que, principalmente a corrente <strong>de</strong> pensamento anarquista con<strong>de</strong>nava formas <strong>de</strong><br />
organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res tais como as associações mutualistas.<br />
Com toda a crise que a história social <strong>do</strong> trabalho sofre em finais <strong>do</strong>s anos 1980<br />
e praticamente toda a década <strong>de</strong> 1990, a produção historiográfica quase que se anula.<br />
Poucos são os trabalhos que tratam <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho, pelo menos <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />
vista historiográfico. O <strong>de</strong>bate se dá muito mais entre os sociólogos que discutem a<br />
crise nos seus efeitos imediatos, da<strong>do</strong> que, as abordagens <strong>de</strong>sses estudiosos se<br />
12 Cf. Aziz Simão, Sindicato e Esta<strong>do</strong>. São Paulo, Dominus Editora, 1966, p. 162.