Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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pequena importância <strong>do</strong> que a posicionamentos teóricos assumi<strong>do</strong>s pelos<br />
pesquisa<strong>do</strong>res”. (LUCA, 1990, p. 7.) Como diz esta mesma estudiosa, a idéia <strong>de</strong><br />
“embrião – aquilo que não po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelo que é, mas pelo que virá a ser – fez<br />
escola” 10 .<br />
Pesquisan<strong>do</strong> o quadro histórico da realida<strong>de</strong> paulista, T. R. <strong>de</strong> Luca constatou –<br />
isto em pesquisa feita nos i<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 1980 e que, inclusive, serve <strong>de</strong> referencial <strong>do</strong><br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> uma nova temporalização para os estu<strong>do</strong>s tanto <strong>de</strong> mutuais quanto<br />
<strong>de</strong> sindicatos no Brasil – que “ <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>do</strong> século XIX até mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong><br />
trinta foram localizadas inúmeras socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> socorros mútuos espalhadas pelas<br />
principais cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo...” (Ibid., p. 8.). Tal constatação registrada<br />
por Luca em sua pesquisa acabou por renovar a compreensão que se tinha acerca<br />
<strong>de</strong>ssas associações <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res ou operários. Luca prova empiricamente que, ao<br />
contrário <strong>do</strong> que estava sacramenta<strong>do</strong> na historiografia brasileira referente ao tema,<br />
as mutuais não foram o embrião <strong>de</strong> organizações como os sindicatos. Tal relação lógica<br />
<strong>de</strong> sucessão é <strong>de</strong>sconstruída pela pesquisa<strong>do</strong>ra. O que se prova com a obra O sonho <strong>do</strong><br />
futuro assegura<strong>do</strong> é que associações mutualistas conviveram no mesmo espaço<br />
temporal e geográfico com sindicatos, principalmente na Primeira República.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista teórico também se inicia com esse trabalho precursor uma<br />
reavaliação <strong>do</strong> que se entendia sobre as formas <strong>de</strong> organização da classe operária. A<br />
concepção que regia os estu<strong>do</strong>s sobre a classe trabalha<strong>do</strong>ra remetia para uma quadro<br />
em que esses vários tipos <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res eram arrola<strong>do</strong>s numa<br />
linearida<strong>de</strong> típica <strong>de</strong> um etapismo, subjacente à uma idéia teleológica da história. Luca<br />
propugna que, além <strong>de</strong> se romper com a visão <strong>do</strong> fenômeno mutual como algo<br />
estanque que apenas <strong>de</strong>u lugar em etapa ulterior aos sindicatos, se compreenda o<br />
mutualismo como um “objeto <strong>de</strong> análise distinto e <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>” 11 .<br />
A assertiva <strong>de</strong> que as mutuais não <strong>de</strong>ram origem aos sindicatos, inclusive, já<br />
havia si<strong>do</strong> feita por Aziz Simão - isto nos i<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> 1960. Como diz este autor,<br />
em obra <strong>de</strong> referência na história <strong>do</strong> trabalho no Brasil, intitulada Sindicato e Esta<strong>do</strong>, e<br />
que o mesmo <strong>de</strong>dica a Edgard Leuenroth: “As mutuais contribuíram para a emergência<br />
<strong>do</strong> movimento operário, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, mas não <strong>de</strong>ram origem ao sindicalismo<br />
10 Ibid.<br />
11 Ibid., p. 8.