Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa que ora se encaminha é analisar e <strong>de</strong>screver a<br />
formação da classe operária em Salva<strong>do</strong>r, capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia, no perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Primeira República. Como <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />
campo vasto como a história <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>cidimos fazer um recorte temático<br />
que tratasse <strong>de</strong> um fenômeno ainda pouco explora<strong>do</strong> na historiografia brasileira que<br />
trata da formação da classe como também <strong>de</strong> suas formas <strong>de</strong> organização.<br />
A partir da constatação <strong>de</strong>ssa lacuna na produção acadêmica ou mesmo na<br />
produção militante é que se toma como intento construir ou “fabricar” 2 , como diria<br />
Michel <strong>de</strong> Certeau, historiograficamente parte da história <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res da cida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, nos anos <strong>de</strong> 1889 a 1930. Tal recorte cronológico, e em história não se<br />
“fabrica” sem pautar-se pelo tempo, medida muitas vezes que serve <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong><br />
partida para nossas indagações, se justifica, a princípio, em virtu<strong>de</strong> – pelo menos em<br />
<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> nos primeiros levantamentos <strong>de</strong> fontes, se ter constata<strong>do</strong> uma maior<br />
incidência <strong>do</strong> fenômeno das mutuais neste na chamada Primeira República.<br />
Entretanto, não é uma <strong>de</strong>finição hermética, pois po<strong>de</strong>rá ser alterada ao longo<br />
da pesquisa - da maioria das associações mutualistas <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r se formaram ou<br />
terem uma ação mais constante durante esse perío<strong>do</strong> da história brasileira. Além<br />
disto, é neste momento histórico que se <strong>de</strong>lineiam os principais problemas<br />
enfrenta<strong>do</strong>s por uma classe operária em formação na Bahia, principalmente por<br />
localizar-se numa parte <strong>do</strong> Globo on<strong>de</strong> o capitalismo é atrasa<strong>do</strong> em relação a outras,<br />
como da América <strong>do</strong> Norte e da Europa.<br />
Entretanto, a Bahia já havia inicia<strong>do</strong> sua transformação econômica ainda em<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, pois, como aponta Marilécia Oliveira Santos, no ano <strong>de</strong> 1866,<br />
das nove fábricas <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s existentes no país, cinco estavam localizadas na então<br />
província 3 . Isto não seria surpresa se se atentasse para o importante fato <strong>de</strong> que<br />
Salva<strong>do</strong>r, apesar <strong>de</strong> ter perdi<strong>do</strong> a posição <strong>de</strong> centro político e administrativo <strong>do</strong><br />
Governo Geral no ano <strong>de</strong> 1763, continuou a ser importante centro comercial. Tal<br />
2 Cf. Michel <strong>de</strong> Certeau, Capítulo II - A operação historiográfica - <strong>de</strong> A escrita da história, ed. Forense<br />
Universitária, 2010, p. 65. Nesta obra, Certeau realiza um percurso epistemológico sobre o lugar <strong>do</strong><br />
historia<strong>do</strong>r e seu ofício bem como qual seria o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu trabalho enquanto sujeito que “faz<br />
história” e que “produz” algo.<br />
3 Cf. página 76 da Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> <strong>de</strong>fendida no ano <strong>de</strong> 2000, na <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral da<br />
Bahia, junto ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História, na qual a autora pesquisa a trajetória <strong>de</strong> Luiz<br />
Tarquínio, importante industrial baiano pioneiro na implantação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vilas operárias no Brasil.