Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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ASSOCIAÇÕES MUTUALISTAS:<br />
SOLIDARIEDADE E ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO OPERÁRIO NA SALVADOR DA<br />
PRIMEIRA REPÚBLICA<br />
Humberto S. <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> 1<br />
RESUMO: Nos últimos anos, a historiografia relacionada à história <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e<br />
<strong>do</strong> seu movimento vem retoman<strong>do</strong> fôlego com importantes trabalhos no campo da<br />
História Social, mais especificamente a História Social <strong>do</strong> Trabalho. Algumas<br />
dissertações <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> e teses <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> têm aborda<strong>do</strong> as diferentes formas <strong>de</strong><br />
associação e organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res no Brasil, principalmente no perío<strong>do</strong> que<br />
se esten<strong>de</strong> <strong>do</strong> Império até a Primeira República. Neste contexto, uma forma <strong>de</strong><br />
organização que se forja principalmente a partir da extinção das corporações <strong>de</strong> ofício<br />
em 1824 tem mereci<strong>do</strong> atenção especial. Trata-se das associações mutualistas,<br />
fenômeno que, na capital baiana, tem sua maior difusão justamente na Primeira<br />
República (1889-1930). O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é tentar compreen<strong>de</strong>r e analisar a<br />
formação da classe operária da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r perceben<strong>do</strong> as múltiplas estratégias<br />
<strong>de</strong> convívio com uma economia capitalista que então se processava na Bahia. O<br />
recorte espacial é relevante em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que praticamente não existem pesquisas<br />
que tratem <strong>do</strong> tema nesse Esta<strong>do</strong> brasileiro. A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s, inclusive os mais<br />
recentes, concentra-se nas regiões Sul e Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> país, o que <strong>de</strong>ixa uma lacuna para<br />
os estu<strong>do</strong>s históricos em outros espaços geográficos <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> da classe<br />
trabalha<strong>do</strong>ra. Trazer à discussão acadêmica, uma pesquisa que resgata a história <strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>res em Salva<strong>do</strong>r, é contribuir para um aprofundamento <strong>de</strong> questões<br />
relacionadas aos “mun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho” e à “experiência” <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res enquanto<br />
classe e sua atuação na formação da socieda<strong>de</strong> brasileira. Importante registrar que se<br />
preten<strong>de</strong> aqui uma abordagem que compreenda o fenômeno mutualista <strong>de</strong> maneira<br />
diversa das abordagens tradicionais - que concebiam tais organizações como uma<br />
etapa apenas <strong>do</strong> <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento das formas <strong>de</strong> organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res -, até<br />
pelo menos o ano <strong>de</strong> 1990, quan<strong>do</strong> se publica um importante trabalho que renova a<br />
compreensão das associações <strong>de</strong> ajuda mútua. Compreen<strong>de</strong>-se aqui, as mutuais, como<br />
uma forma distinta <strong>do</strong>s tradicionais sindicatos, mas também como um fenômeno<br />
contemporâneo. Desta maneira, evita-se incorrer numa linearida<strong>de</strong> que não se aplica<br />
ao objeto em estu<strong>do</strong> e que não contribui para uma aproximação mais acurada da<br />
realida<strong>de</strong> histórica.<br />
PALAVRAS- CHAVE: História Social, História Social <strong>do</strong> Trabalho, Associações<br />
Mutualistas.<br />
1 Mestran<strong>do</strong> em História <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História da UNESP – Campus <strong>de</strong> Assis.