Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Terra, alterou, necessariamente, o custo <strong>de</strong> subsistência, prejudicou a to<strong>do</strong>s, menos os<br />
industriais das munições <strong>de</strong> guerra, <strong>de</strong> boca ou <strong>de</strong> combate.” 2<br />
A questão da carestia tornou-se o carro chefe da organização operária, e<br />
buscan<strong>do</strong> politizar esta questão, anarquistas e militantes da causa operária visavam<br />
arregimentar novos sindicaliza<strong>do</strong>s, conseguin<strong>do</strong> por esse meio aumentar as fileiras <strong>de</strong><br />
operários participantes <strong>de</strong> tais organizações. Se no início <strong>do</strong> ano a FORJ contava com<br />
apenas cinco sindicatos filia<strong>do</strong>s, no segun<strong>do</strong> semestre já eram onze ao to<strong>do</strong>. 3 No<br />
segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 1917 o número <strong>de</strong> sindicatos filia<strong>do</strong>s a FORJ já havia duplica<strong>do</strong> e<br />
em 1918 a organização já contava com 30 sindicatos 4 .<br />
Outro motivo que também movimentava o meio operário eram as notícias que<br />
começavam a chegar sobre a <strong>de</strong>flagração <strong>de</strong> uma re<strong>vol</strong>ução que visava <strong>de</strong>rrubar o<br />
governo russo. O que acabou por incentivar ainda mais os militantes brasileiros a<br />
investirem contra a organização social capitalista.<br />
Segun<strong>do</strong> Fre<strong>de</strong>rico Duarte Bartz, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito ce<strong>do</strong>, já aparecem no Brasil referências<br />
sobre a Re<strong>vol</strong>ução Russa,<br />
Em março, um mês apenas <strong>de</strong>pois da re<strong>vol</strong>ução <strong>de</strong> fevereiro, a<br />
Rússia já é mencionada em uma importante greve <strong>de</strong><br />
calceteiros. Em julho, no maior comício da gran<strong>de</strong> greve <strong>de</strong><br />
1917, João Batista Moll, militante anarquista, entusiasma-se<br />
com o exemplo da Rússia Re<strong>vol</strong>ucionária. Nestes primeiros<br />
momentos, invariavelmente, as referências à re<strong>vol</strong>ução se<br />
ligam aos anarquistas que no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1917 e 1918, estavam<br />
em franca ofensiva <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> movimento operário [...] 5<br />
Possivelmente, José Oiticica, juntamente com seus companheiros <strong>de</strong> luta,<br />
acreditasse que a Re<strong>vol</strong>ução Russa era o início <strong>de</strong> um processo re<strong>vol</strong>ucionário que se<br />
expandiria em âmbito mundial.<br />
Toda a movimentação operária, segun<strong>do</strong> Oiticica, tinha como um <strong>do</strong>s principais<br />
motivos a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> inerente ao sistema econômico capitalista, o proletaria<strong>do</strong><br />
2 OITICICA, José. “O Motivo”. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
3 CAMPOS, Cristina Hebling. O sonhar Libertário: Movimento Operário nos Anos <strong>de</strong> 1917 a 1921.<br />
Campinas, Ed. da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> Campinas, 1988.<br />
4 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição anarquista no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Achiamé,2° Ed.<br />
2002, p.99<br />
5 BARTZ, Fre<strong>de</strong>rico Duarte. O horizonte Vermelho: o impacto da Re<strong>vol</strong>ução Russa no movimento<br />
operário <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, 1917-1920. Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>. <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio<br />
Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, ano 2008, p.12