josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
contextual po<strong>de</strong> permitir obsevar como nosso personagem participou <strong>de</strong> maneira direta ou<br />
indireta <strong>de</strong>ste período em que as li<strong>de</strong>ranças operárias, o governo e os industriais teriam<br />
protagonizado a maior disputa entre o capital e o trabalho da Primeira República.<br />
Dentre as greves citadas, a que teve maior participação <strong>de</strong> Oiticica foi a tentativa <strong>de</strong><br />
levante, em novembro <strong>de</strong> 1918. Portanto, pretendo analisá-la e apresentá-la <strong>de</strong> forma mais<br />
<strong>de</strong>nsa do que as outras, assim como toda a movimentação operária no ano <strong>de</strong> 1918, no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, para que se torne possível percebermos o momento e como Oiticica e seus<br />
companheiros foram construindo a tentativa <strong>de</strong> levante, <strong>de</strong>flagrado no penúltimo mês<br />
daquele ano.<br />
Depois <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tido no dia <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>flagração, e após ficar preso por alg<strong>um</strong> tempo<br />
na então Capital Fe<strong>de</strong>ral, José Oiticica foi <strong>de</strong>portado, juntamente com sua família, para o<br />
Estado <strong>de</strong> Alagoas e retornou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro apenas no ano seguinte. A partir <strong>de</strong>ssa<br />
informação abordaremos neste trabalho alguns pontos que acho interessantes para a<br />
compreensão da construção da vida <strong>militante</strong> <strong>de</strong> nosso personagem. O fato <strong>de</strong> sua família<br />
tê-lo acompanhado em seu <strong>de</strong>sterro faz vir à tona a questão <strong>de</strong> como era a relação do<br />
Oiticica <strong>anarquista</strong> com Oiticica arrimo <strong>de</strong> família. Assim, a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> sua<br />
filha Sônia 227 , correspondências trocadas com sua esposa em períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção e<br />
também comparando essas informações com aquelas dos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> Luce Fabbri<br />
sobre seu pai, pretendo aqui analisar como era construída esta relação entre público e<br />
privado, político e familiar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua casa.<br />
A prisão e <strong>de</strong>portação também serão observadas <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira especial.<br />
Pretendo, <strong>de</strong>ntro do possível, analisar os reflexos causados por sua primeira prisão em<br />
suas teorias <strong>anarquista</strong>s, buscando perceber se Oiticica teve diminuída sua ânsia pela<br />
<strong>de</strong>struição do sistema capitalista e implantação da socieda<strong>de</strong> anarco-comunista ou, ao<br />
contrário, tornou-se ainda mais combativo. Importante também observarmos o período em<br />
que Oiticica estava em Alagoas, se as relações pessoais iniciadas naquela terra seriam<br />
frutíferas às suas teorias, se ele encontrou ali mais <strong>um</strong> campo <strong>de</strong> divulgação para as idéias<br />
ácratas e como esta <strong>de</strong>portação po<strong>de</strong> ter influenciado seu anarquismo.<br />
227 Estas entrevistas foram retiradas da dissertação <strong>de</strong> Mestrado <strong>de</strong> Lauris Junior, José Oiticica:<br />
reflexões e vivencias <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>anarquista</strong>.<br />
99