josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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<strong>de</strong>u-se em <strong>um</strong> momento <strong>de</strong> reestruturação e ascensão do movimento operário. De 1912<br />
até o início da década <strong>de</strong> 1920, ele passou da ascensão ao momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> atuação e<br />
representação <strong>de</strong>ntro das questões trabalhistas no Brasil. No final da década <strong>de</strong> 1910,<br />
iniciou-se <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> conflagração <strong>de</strong> greves em variados pontos do Brasil. Toda essa<br />
agitação nos meios operários ocorreu por inúmeros motivos, sendo alguns <strong>de</strong>les a carestia<br />
geral e as doenças que martirizaram as classes menos favorecidas e, no caso <strong>de</strong> várias<br />
li<strong>de</strong>ranças, a crença no sucesso da Revolução Russa, que vinha respaldar a idéia <strong>de</strong> que<br />
era chegada a hora do proletariado nacional também se levantar contra o capitalismo.<br />
Essa ―caminhada‖ po<strong>de</strong> ser percebida ao analisarmos os textos <strong>de</strong> Oiticica <strong>de</strong><br />
forma cronológica. Assim, notamos que, no início da década <strong>de</strong> 1910 ele se preocupava<br />
em conseguir sistematizar o anarquismo e preparar o operariado para a revolução, ao<br />
passo que, no final da década, seus artigos diziam que era chegada a hora <strong>de</strong> se levantar<br />
contra o capital e suas instituições.<br />
Oiticica dava gran<strong>de</strong> importância à necessida<strong>de</strong> da doutrinação para a<br />
transformação da socieda<strong>de</strong>. Tal importância acompanhou-o por toda a vida, mesmo nos<br />
momentos em que acreditava ser a hora do povo levantar-se contra o capital mas,<br />
acompanhando sua ―caminhada <strong>anarquista</strong>‖, observamos que, no final da década <strong>de</strong> 1910<br />
era com<strong>um</strong> o sentimento <strong>de</strong> que a revolução era iminente em seu pensamento.<br />
Para a execução <strong>de</strong> tal objetivo seria necessário o apoio popular. Por isso, o<br />
contexto brasileiro na época em questão vinha a calhar, visto que o operariado sofria com<br />
a carestia <strong>de</strong> vida, o que motivou a organização <strong>de</strong> três campanhas paralelas contra este<br />
―mal social‖. Em muitos textos <strong>anarquista</strong>s buscou-se apresentar essa situação como base<br />
para <strong>um</strong>a transformação mais ampla, tentando organizar a ―revolução completa‖ da<br />
socieda<strong>de</strong>. Sobre o tema, assim escrevia Oiticica:<br />
A melhora que <strong>de</strong>sejamos não é essa melhora relativa é a melhora absoluta,<br />
a melhora da própria organização social. É preciso que todos se<br />
compenetrem <strong>de</strong> <strong>um</strong>a verda<strong>de</strong>. A melhora das condições <strong>de</strong> <strong>um</strong>a classe<br />
operária só se opera com o prejuízo <strong>de</strong> outra classe operária. Se a uns<br />
operários se conce<strong>de</strong>m vantagens, a outros se arrancam essas vantagens.<br />
Isso porque o parasita não <strong>de</strong>sferra os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>um</strong>a braço que saco<strong>de</strong><br />
sem haver certeza <strong>de</strong> os ferrar noutro braço imóvel. Portanto, <strong>de</strong> nada vale<br />
a melhora <strong>de</strong> condições do povo do Rio <strong>de</strong> Janeiro, se o povo do interior vai<br />
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