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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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Cada li<strong>de</strong>rança buscava orientar o operariado a <strong>um</strong> caminho que achava ser<br />

correto <strong>de</strong>ntro da luta contra o capitalismo. Anarquistas e socialistas do mundo todo<br />

apresentavam suas visões sobre essas correntes. Teorizando qual era o objetivo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

ou <strong>de</strong> outra, tentavam mostrar porque o operário <strong>de</strong>veria se posicionar e assim seguir as<br />

―regras‖ <strong>de</strong> luta propostas por tal teoria. Luce Fabbri, <strong>um</strong>a <strong>anarquista</strong> italiana que se<br />

refugiou no Uruguai <strong>de</strong>vido às perseguições <strong>de</strong> Benito Mussolini, explica à sua biógrafa,<br />

Margareth Rago, que o socialismo,<br />

que ‗nasce proletário‘, é <strong>um</strong>a doutrina econômica que prevê a emergência<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a or<strong>de</strong>m social igualitária e coletiva, a partir da transformação das<br />

relações econômicas, ao propor a igualda<strong>de</strong> social pela abolição da<br />

proprieda<strong>de</strong> privada. Em relação ao Estado, encontra-se pelo menos três<br />

tendências entre os socialistas, [...] a autoritária, que se exerce pela força<br />

coercitiva do Estado; a social-<strong>de</strong>mocracia, estilo trabalhismo inglês; e a<br />

libertária, tal como foi praticada durante os três anos da Guerra Civil<br />

Espanhola. 201<br />

Esse último, o socialismo libertário, seria para Luce a corrente <strong>anarquista</strong>. Segundo<br />

Margareth Rago, a italiana vê o anarquismo como ―her<strong>de</strong>iro da confluência <strong>de</strong> duas linhas<br />

evolutivas: o liberalismo e o socialismo‖ 202 , portanto o anarquismo seria <strong>um</strong> tipo <strong>de</strong><br />

―socialismo anárquico‖.<br />

A visão do socialismo <strong>de</strong> José Oiticica segue em partes o mesmo raciocínio <strong>de</strong><br />

Luce, divergindo apenas na concepção da formação da teoria <strong>anarquista</strong>. Para Oiticica o<br />

anarquismo se diferenciaria do socialismo, pois este é <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma geral <strong>um</strong>a teoria<br />

reformista, que não visa a <strong>de</strong>struição do capital por ser, justamente, <strong>um</strong>a teoria econômica.<br />

Já vimos que Oiticica não acredita que o problema social seja resolvido meramente<br />

pela questão econômica operária, e pela teoria socialista estar baseada neste preceito,<br />

estaria ela mais próxima do capitalismo do que do anarquismo. Justificando este<br />

pensamento, ele afirma que é com<strong>um</strong> ―ver proprietários, industriais, comerciantes e<br />

banqueiros, socialistas apaixonados, amigos extremosos dos seus operários,<br />

prometendo-lhes percentagens nos lucros‖ 203 . Esta atitu<strong>de</strong> visaria a iludir os operários e<br />

mantê-los em <strong>um</strong>a condição <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong>.<br />

201<br />

RAGO, Margareth. Entre a história e a liberda<strong>de</strong>. Luce Fabbri e o anarquismo<br />

contemporâneo. São Paulo, UNESP, 2001, p.215.<br />

202 RAGO, Margareth, op. cit, p.214.<br />

203 OITICICA, José. A Doutrina <strong>anarquista</strong> ao alcance <strong>de</strong> todos, op. cit, p.64.<br />

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