14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

trabalho. Esses são alguns dos fatores que fazem com que se torne necessário a<br />

<strong>de</strong>struição do capital para a emancipação do homem.<br />

Tendo apresentado os gran<strong>de</strong>s males da socieda<strong>de</strong> contemporânea, na visão<br />

<strong>anarquista</strong> <strong>de</strong> Oiticica, partiremos agora para o último inimigo da teoria que elegi analisar<br />

neste capítulo: A corrente socialista.<br />

Segundo Batalha, foi no final do século XIX que vários grupos socialistas<br />

apareceram no contexto operário brasileiro. Esta corrente era marcada pelo viés<br />

cientificista e positivista que caracterizava o socialismo do período da Segunda<br />

Internacional. 199<br />

A partir <strong>de</strong> então as correntes socialistas e <strong>anarquista</strong>s, apesar <strong>de</strong> atuarem <strong>de</strong>ntro<br />

do movimento sindical mundial, concorreriam entre si para angariar mais a<strong>de</strong>ptos entre os<br />

operários, disputando a li<strong>de</strong>rança dos sindicatos e do movimento operário. Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

início da introdução <strong>de</strong>sta corrente socialista no meio operário brasileiro, já se po<strong>de</strong><br />

perceber a divisão entre o pensamento que seguia o viés socialista e o <strong>anarquista</strong>, ou pelo<br />

menos notar que, apesar <strong>de</strong> convergirem em alg<strong>um</strong>as i<strong>de</strong>ias como a emancipação do<br />

homem sobre o capital, as duas correntes divergiam sobre as formas <strong>de</strong> se alcançar a<br />

revolução social.<br />

Estas divergências e convergências eram reveladas, também, nas posições<br />

tomadas pelas duas partes durante as greves. Ao analisar a greve <strong>de</strong> 1906, em Porto<br />

Alegre, Isabel Bilhão afirma que:<br />

As li<strong>de</strong>ranças constituídas no seio do operariado tem entre si tanto pontos<br />

convergentes quanto divergentes. Aproximam-se pelo fato <strong>de</strong> fazerem a<br />

<strong>de</strong>núncia das más condições <strong>de</strong> trabalho, da excessiva jornada diária, dos<br />

baixos salários, dos maus tratos, [...]. Divergem quanto à forma <strong>de</strong><br />

negociação. Para o grupo ligado aos socialistas, [...] o importante é manter<br />

o que já foi conquistado, no caso, a redução da jornada <strong>de</strong> 10 e 12 horas<br />

para 9 horas diárias <strong>de</strong> trabalho, evitando, <strong>de</strong>ssa forma, o esvaziamento e o<br />

<strong>de</strong>sgaste do movimento. Já o grupo dos sindicalistas, a aceitação <strong>de</strong> menos<br />

do que foi pedido representa <strong>um</strong>a h<strong>um</strong>ilhação à classe. [...] 200<br />

199 BATALHA,Claudio. O Movimento Operário na Primeira República, op. cit, p.22. Ver também:<br />

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 1988,<br />

p.196.<br />

200 BILHÃO, Isabel. Rivalida<strong>de</strong>s e Solidarieda<strong>de</strong>s no Movimento Operário (Porto Alegre,<br />

1906-1911). Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999, p.56.<br />

84

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!