14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

patrões, sendo contrárias às greves. 188<br />

Na busca por revelar aqueles que seriam os verda<strong>de</strong>iros objetivos da igreja, os<br />

<strong>anarquista</strong>s acusavam-na <strong>de</strong> pensar somente nos <strong>de</strong>tentores do capital e, portanto, nunca<br />

atuar em prol da causa operária. Escreve Oiticica, ―ora, a Igreja é capitalista, proprietária,<br />

açambarcadora: logo, os interesses <strong>de</strong>la são contrários, opostos e adversos aos<br />

interesses dos trabalhadores‖. 189<br />

Certamente, a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> suas idéias era contraposta por seus ―inimigos‖. Ao<br />

esclarecer sobre os temas que impediam a implantação da socieda<strong>de</strong> <strong>anarquista</strong>, Oiticica<br />

acabava por criar várias polêmicas com pensadores <strong>de</strong> outras correntes. Segundo Schmidt,<br />

em <strong>um</strong> artigo intitulado A palavra como arma, no qual tratou dos <strong>de</strong>bates publicados pelos<br />

pensadores das correntes que coexistiam <strong>de</strong>ntro do movimento operário porto-alegrense,<br />

os jornais brasileiros do final do século XIX e início do século XX traziam ―gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> páginas <strong>de</strong>dicadas às polêmicas sobre os mais diversos assuntos: dos r<strong>um</strong>os da<br />

nascente República à existência ou não <strong>de</strong> Deus‖ 190 .<br />

Logo, as polêmicas quase sempre acabavam por se tornar <strong>de</strong>bates em periódicos<br />

da época, pois a intenção era <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seu ponto <strong>de</strong> vista e contrapor as i<strong>de</strong>ias daqueles<br />

que o rebatiam. Sendo assim, ―as discussões entre <strong>militante</strong>s das mais diversas<br />

tendências eram frequentes na imprensa operária, servindo como indicadores importantes<br />

<strong>de</strong> disputas político-i<strong>de</strong>ológicas e <strong>de</strong> disputas <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças‖ 191 . Oiticica vai também<br />

construindo seu pensar e divulgando suas idéias. Como já foi dito, a igreja católica estava<br />

presente no meio operário, portanto, não se eximia <strong>de</strong> polêmicas com os <strong>militante</strong>s do<br />

anarquismo e outras correntes que também se faziam presentes entre o proletariado. A<br />

exemplo disto po<strong>de</strong>mos citar a carta aberta publicada por Oiticica no Correio da Manhã, a<br />

qual rebate as ofensas <strong>de</strong> <strong>um</strong> padre à sua pessoa, transcritas no livro Relíquias <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

polêmica, <strong>de</strong> autoria do segundo.<br />

188 BATALHA, Claudio H. M. O Movimento Operário na Primeira República. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Jorge Zahar. 2000, p.27.<br />

189 OITICICA, José. ―Imposível‖. Liberda<strong>de</strong>, N° 31, jun. 1919.<br />

190 SCHMIDT, Benito. ―A palavra como arma: <strong>um</strong>a polêmica na imprensa operária porto-alegrense<br />

em 1907‖, História em Revista, Pelotal, UFPel, v.6, p.p 58-84, <strong>de</strong>z. 2000, p. 58.<br />

191 SCHMIDT, Benito. A palavra como arma: <strong>um</strong>a polêmica na imprensa operária porto-alegrense<br />

em 1907‖, op. cit, p.59.<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!