josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Barricada, A Vida e A Guerra Social.<br />
No período <strong>de</strong> 1912 a 1918, nos jornais citados, era com<strong>um</strong> encontrar indicações<br />
<strong>de</strong> leituras ou artigos publicados <strong>de</strong> pensadores como Enrico Malatesta, J. Proudhon, P.<br />
Kropotkin, Elisée Reclus. Reconhecido também por ser <strong>um</strong> <strong>de</strong>dicado leitor 166 e por se<br />
utilizar dos clássicos para refletir, como já foi dito anteriormente, acredito que Oiticica<br />
embasou-se nas idéias <strong>de</strong>stes pensadores para seguir em <strong>de</strong>fesa da anarquia. Por último,<br />
outro teórico que certamente influenciou seus pensamentos, principalmente na questão da<br />
educação, foi Francisco Ferrer, visto que, como já foi mencionado, o primeiro artigo <strong>de</strong><br />
Oiticica, <strong>de</strong> cunho <strong>anarquista</strong>, foi publicado em homenagem ao aniversário <strong>de</strong> morte do<br />
pedagogo catalão.<br />
Creio que, após estas análises sobre a construção do pensamento <strong>anarquista</strong> <strong>de</strong><br />
José Oiticica, percebendo que suas teorias são reflexos <strong>de</strong> suas vivências e aprendizados,<br />
po<strong>de</strong>ríamos classificar o anarquismo <strong>de</strong> Oiticica como <strong>um</strong>a experiência que se trava tanto<br />
nos espaços político e acadêmico quanto nos espaços <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong>, idéia que ficará mais<br />
clara quando, no Terceiro Capítulo, abordarmos o tema família.<br />
Assim, José Oiticica, como muitos representantes do i<strong>de</strong>al <strong>anarquista</strong> e do<br />
movimento operário da época, edifica seu pensamento e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> política aproximando<br />
seus conhecimentos científicos, valores e experiências <strong>de</strong> vida às suas ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong><br />
combate. Ele constrói sua sistematização da teoria <strong>anarquista</strong> a partir da união <strong>de</strong><br />
múltiplos vieses científicos, revelando sua <strong>de</strong>scrença na socieda<strong>de</strong> vigente, e explica<br />
porque a h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve se rebelar contra o Estado, a Igreja e o Capital. Estes gran<strong>de</strong>s<br />
inimigos do i<strong>de</strong>al ácrata seriam os principais responsáveis pelo mal estar social, sendo<br />
assim, responsáveis pela criação e manutenção <strong>de</strong> todas as instituições, organizações e<br />
injustiças existentes, que submeteriam os ―seres h<strong>um</strong>anos a <strong>um</strong>a existência medíocre e<br />
<strong>de</strong>svalorizada‖.<br />
Entre os ―inimigos da teoria‖ po<strong>de</strong>mos incluir também a corrente socialista que se<br />
fazia presente <strong>de</strong>ntro do movimento sindical. Embora os socialistas compartilhassem <strong>de</strong><br />
muitas das críticas apontadas pelos <strong>anarquista</strong>s, como à exploração da socieda<strong>de</strong><br />
capitalista, o militarismo e à religião, e também da esperança il<strong>um</strong>inista da <strong>de</strong>fesa da<br />
166 LAURIS JUNIOR, Renato Luis, op. cit, p.13.<br />
73