josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Hão <strong>de</strong> ruir as muralhas da cida<strong>de</strong>,<br />
Que não há fortaleza contra o bem<br />
Façam da ação dos subversores crime,<br />
Persigam, matem, zombem... tudo em vão...<br />
A idéia, perseguida, é mais sublime.<br />
Pois, nos ru<strong>de</strong>s ataques à opressão,<br />
A cada herói que morra ou <strong>de</strong>sanime<br />
Dezenas <strong>de</strong> outros bravos surgirão. 165<br />
Oiticica afirma que não há como mudar o <strong>de</strong>stino da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>, ele arg<strong>um</strong>enta<br />
que, mesmo com todos os percalços sofridos pelos <strong>de</strong>fensores da ―i<strong>de</strong>ia‖, a vonta<strong>de</strong> vai<br />
prevalecer, fazendo com que a socieda<strong>de</strong> volte a ser como era antes, pois, o universo<br />
surgindo e se movendo a partir das energias, consequentemente voltaria ao seu princípio<br />
formador. E, como a anarquia é a realização da soma perfeita <strong>de</strong> todas as energias, o<br />
mundo caminharia para este tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>.<br />
Ass<strong>um</strong>indo-se <strong>anarquista</strong>, Oiticica certamente usou das idéias <strong>de</strong> outros<br />
pensadores ácratas para respaldar ou somar às suas. Fiz a aproximação com as teorias<br />
<strong>de</strong> Kropotkin por estarem mais explícitas em seus escritos, mas não po<strong>de</strong>mos negar as<br />
influências que outros autores certamente exerceram sobre o personagem.<br />
Mesmo não i<strong>de</strong>ntificando explicitamente quais foram os teóricos que influenciaram<br />
as idéias <strong>de</strong> Oiticica, po<strong>de</strong>mos pres<strong>um</strong>ir que ele também abastecia seus i<strong>de</strong>ais com a<br />
leitura <strong>de</strong> todos os pensadores ácratas que tinham suas idéias divulgadas no Brasil e até<br />
em outros países, pois conhecia vários idiomas, como o francês, o alemão, o esperanto e o<br />
grego, utilizando suas leituras para refletir e formular suas teorias e suas <strong>de</strong>fesas. Citar<br />
todos os teóricos <strong>anarquista</strong>s publicados nos jornais seria <strong>um</strong>a tarefa quase impossível,<br />
portanto, os que citarei aqui são os que encontrei em alguns periódicos operários<br />
brasileiros por mim pesquisados, com os quais certamente Oiticica tinha contato, pois<br />
também neles publicava seus artigos. Usei como fonte <strong>de</strong> embasamento, também, o Les<br />
Temps nouveaux (jornal <strong>anarquista</strong> francês), que, segundo ele próprio, em entrevista à<br />
Revista O Cruzeiro, foi o primeiro exemplar <strong>anarquista</strong> que leu. No Brasil, a partir <strong>de</strong> três<br />
jornais, busquei i<strong>de</strong>ntificar quais eram os autores com mais <strong>de</strong>staque na teoria <strong>anarquista</strong><br />
que neles apareciam, sendo com artigo publicados ou indicações <strong>de</strong> leituras. São eles: Na<br />
165 OITICICA, José. Sonetos (1911-1918). Maceió, Linotypia da Casa Ramalho, 1919, p.178.<br />
72