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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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<strong>de</strong> energia <strong>de</strong>gradável.‖ 152<br />

Consequentemente, o homem, para conseguir manter seu nível<br />

necessário <strong>de</strong> energia química, seria obrigado a procurar alimentos e conservar no meio<br />

ambiente ―as condições exigidas pela sua conformação fisiológica‖, encontrando assim<br />

energias apropriáveis ou não.<br />

Para Oiticica, o trabalho seria, na busca pela sobrevivência, a energia gasta para<br />

sua manutenção e o acúmulo <strong>de</strong> energias apropriáveis seria o lucro. Fragmentando o<br />

universo até chegar ao homem, Oiticica aborda duas questões econômicas explicando-as<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma cosmogânica, buscando assim mostrar que o homem é necessário para a<br />

manutenção do universo e, portanto, não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sperdiçar suas energias, pois a<br />

consequência disto, o mau uso do trabalho, acarretaria a <strong>de</strong>sproporção do lucro, causando<br />

<strong>um</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio na h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>, o que seria maléfico para a manutenção do universo,<br />

pois:<br />

O corpo H<strong>um</strong>ano, como <strong>de</strong> qualquer ser vivo, é também <strong>um</strong> equilíbrio <strong>de</strong><br />

energias entre as energias universais, ou mais claramente, é <strong>um</strong>a máquina<br />

transformadora <strong>de</strong> energias cósmicas, absorvidas no alimento e no ar<br />

respirado. Quando a máquina, por alg<strong>um</strong> <strong>de</strong>feito, se torna incapaz <strong>de</strong><br />

operar convenientemente essa transformação, dá-se o <strong>de</strong>pauperamento do<br />

corpo e a morte 153<br />

Sendo assim, o trabalho seria a lógica vital <strong>de</strong>sta manutenção, tendo que ren<strong>de</strong>r<br />

sempre o máximo <strong>de</strong> saldo possível, pois se ele não consegue o saldo necessário para a<br />

sobrevivência, o gasto <strong>de</strong> energia para realizá-lo torna-se <strong>um</strong> <strong>de</strong>sperdício.<br />

Com esta relação entre energia universal, trabalho e lucro, ―aplicando os problemas<br />

da sociologia e da moral‖ 154 , Oiticica organiza suas teorias, tentando explicar a socieda<strong>de</strong>,<br />

observando se sua condução é favorável ao fornecimento <strong>de</strong> meios para <strong>de</strong>senvolver sua<br />

capacida<strong>de</strong> transformadora <strong>de</strong> energias ou se, ao contrário, existe <strong>um</strong> gasto<br />

<strong>de</strong>snecessário.<br />

Toda esta analogia parece-me estar apoiada na concepção que Oiticica tem do<br />

valor do conhecimento, acreditando que todo o aprendizado é válido e serve como<br />

mediador <strong>de</strong> idéias. Sendo assim, a partir das leituras realizadas, o homem <strong>de</strong>senvolve<br />

152 OITICICA, José. ―O <strong>de</strong>sperdício da energia feminina‖. ‖. A Vida, Ano 1, n°1, nov. 1914.<br />

153 OITICICA, José. A Doutrina <strong>anarquista</strong> ao alcance <strong>de</strong> todos. São Paulo, Econômica, 2° Ed,<br />

1983. p.8.<br />

154 OITICICA, José. ―O <strong>de</strong>sperdício da energia feminina‖. ‖. A Vida, Ano 1, n°1, nov. 1914.<br />

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