josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
po<strong>de</strong>m ser percebidas em seus textos doutrinários. Pensando que esses seguiam <strong>um</strong> viés<br />
<strong>anarquista</strong> comunista, provavelmente inspirado em Kropotkin, analisaremos <strong>um</strong> conjunto<br />
<strong>de</strong> textos publicados na revista A Vida, intitulados O <strong>de</strong>sperdício da energia feminina, para<br />
assim po<strong>de</strong>rmos observar como a soma <strong>de</strong>stas teorias e vivências se fez representar no<br />
anarquismo <strong>de</strong> Oiticica. O título <strong>de</strong>ste artigo <strong>de</strong>monstra a preocupação com a situação da<br />
mulher no meio social. Ao elaborar quase que <strong>um</strong>a cartilha sobre os malefícios causados<br />
ao sexo feminino por causa do sistema capitalista, Oiticica constrói também toda <strong>um</strong>a<br />
sistematização <strong>de</strong> suas idéias sobre os males que afligem a socieda<strong>de</strong> como <strong>um</strong> todo e<br />
não só as mulheres. Inicialmente abordando o problema <strong>de</strong> gênero no meio capitalista ele<br />
amplia suas análises e tenta explicar como a socieda<strong>de</strong> capitalista e autoritária prejudica o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong> em geral e não apenas o da mulher.<br />
No primeiro artigo na revista A Vida, José Oiticica, apoiando-se nas discussões<br />
sobre energia realizadas <strong>de</strong>ntro do campo da Física, afirma que o mundo é composto por<br />
vários tipos <strong>de</strong> energia e tanto os objetos orgânicos quanto os inorgânicos estão sujeitos a<br />
sua perda, que po<strong>de</strong> ser notada <strong>de</strong> forma quantitativa e/ou qualitativa. As energias<br />
universais, energia mecânica, cinética, estática, l<strong>um</strong>inosa e química, ten<strong>de</strong>riam a se<br />
transformar em energia calorífica.<br />
O processo <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>ria <strong>um</strong> gasto <strong>de</strong> energia irrecuperável,<br />
assim sendo, o mundo morreria <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estagnação térmica, pois, a cada vez que se<br />
realizasse o processo <strong>de</strong> transformação, o resultado obtido em acúmulo <strong>de</strong> energia<br />
calorífica seria menor que o anterior. Isso se as energias fossem estáveis. Oiticica segue<br />
afirmando que estas energias não são estáveis e, portanto, sua transformação também<br />
não. Sendo assim, o universo, como <strong>um</strong>a soma <strong>de</strong> energias, teria sua manutenção<br />
realizada pela instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta metamorfose <strong>de</strong> energias cósmicas, que asseguraria a<br />
manutenção das energias.<br />
Essa teoria, <strong>um</strong> tanto quanto complexa, tornou-se a base do pensamento social <strong>de</strong><br />
Oiticica, o qual a firma que a vida seria a manutenção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia em<br />
<strong>de</strong>terminado organismo e, para a manutenção <strong>de</strong>sta energia, ―é preciso que o organismo<br />
se aproprie <strong>de</strong> energias químicas disponíveis, absorva-as, assimile-as e rejeite os excretos<br />
67