14.10.2014 Views

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pensadores tinha como aspiração o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aproximar a idéia libertária <strong>de</strong> seus leitores,<br />

os quais estariam ―apren<strong>de</strong>ndo‖ com o sistematizador <strong>de</strong> tais teorias. Assim, baseado na<br />

crença <strong>de</strong> que ―as idéias <strong>de</strong>vem ter vida, <strong>de</strong>vem ser sentidas, <strong>de</strong>vem alcançar os<br />

indivíduos como toque‖ 144 , o sucesso da absorção das teorias <strong>anarquista</strong>s viria também<br />

pelo fato <strong>de</strong> Oiticica ser visto como o principal organizador daquelas, ali escritas ou faladas.<br />

Outra hipótese que po<strong>de</strong>mos levantar na questão das referências diretas a teóricos<br />

ácratas, é a visão que Oiticica mantinha sobre o uso das idéias. Segundo Lauris Junior,<br />

―ele compreen<strong>de</strong> o acesso aos clássicos não como mo<strong>de</strong>lo a ser seguido, mas sim<br />

refletido‖ 145 . Portanto, po<strong>de</strong> ser que ele também pensasse que as idéias não <strong>de</strong>veriam ser<br />

―proprieda<strong>de</strong> privada‖, po<strong>de</strong>ndo ser apropriadas, usadas e transformadas sem que suas<br />

―fontes‖ <strong>de</strong>vessem ser citadas.<br />

Um exemplo <strong>de</strong>ssa situação é fornecido por José Oiticica na segunda carta<br />

en<strong>de</strong>reçada a Silva Marques, publicada no jornal Na Barricada em setembro <strong>de</strong> 1915,<br />

quando aconselha ao seu opositor <strong>de</strong> idéias procurar enten<strong>de</strong>r melhor o que é o<br />

anarquismo.<br />

Falta-lhe apenas conhecer o anarquismo. Embora V. tenha lido autores<br />

<strong>anarquista</strong>s. Uma coisa é ler a outra apren<strong>de</strong>r. V. leu esses autores com<br />

espírito <strong>de</strong> jurista e este espírito estragou-lhe a leitura. [...]. C<strong>um</strong>pre passar<br />

pelo processo <strong>de</strong> iniciação, tanto mais difícil quanto a doutrina <strong>anarquista</strong><br />

não foi até hoje sistematizada. Essa sistematização eu tentei e creio ter<br />

chegado a realizá-la <strong>de</strong>finitivamente nos seus pontos capitais [...]. V. po<strong>de</strong>rá<br />

ver em res<strong>um</strong>o os meus trabalhos na revista A Vida, sob os títulos O<br />

<strong>de</strong>sperdício da energia feminina (incompleto). 146<br />

Para revelar o que seria o anarquismo, José Oiticica aconselha Silva Marques a<br />

procurar seus artigos na revista A Vida, os quais seriam, em sua visão, os primeiros artigos<br />

que sistematizaram essa teoria, tornando-a compreensível para os leitores. Tal conselho é<br />

válido para nós, pesquisadores e leitores, talvez não para enten<strong>de</strong>rmos o significado da<br />

teoria <strong>anarquista</strong>, mas sim para enten<strong>de</strong>rmos qual era o anarquismo pregado por Oiticica.<br />

Por isso, na busca pela resolução <strong>de</strong>sta interrogação, embasei-me principalmente nas<br />

informações fornecidas pelo biografado nos artigos citados.<br />

Antes <strong>de</strong> realizar essa análise gostaria <strong>de</strong> abordar aqui <strong>um</strong>a problemática que<br />

144 LAURIS JUNIOR, Renato Luis,op. cit, p.14.<br />

145 LAURIS JUNIOR, op. cit, loc. cit.<br />

146 OITICICA, José. ―Segunda Carta ao Dr. Silva Marques‖. Na Barricada, Ano 1, n°15, set. 1915.<br />

64

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!