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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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Fe<strong>de</strong>ral. Naqueles anos, Oiticica e os <strong>anarquista</strong>s seguiam ―empenhados em combater os<br />

males trazidos pelo capitalismo‖. 123<br />

O ano <strong>de</strong> 1917 marcou o início do período em que o movimento sindical entrou em<br />

sua maior ativida<strong>de</strong> na Primeira República, <strong>de</strong>vido ao contexto da época, no qual o mundo<br />

sofria, e em especial as classes menos favorecidas, com os déficits econômicos e sociais<br />

causados pela Guerra. A expectativa do sucesso da Revolução Russa trazia <strong>um</strong> gran<strong>de</strong><br />

manancial para ser discutido e <strong>de</strong>batido nos meios operários, incentivando assim os<br />

trabalhadores às greves. As motivações imediatas <strong>de</strong>ssas geralmente diziam respeito à<br />

carestia <strong>de</strong> vida.<br />

Os sindicatos <strong>de</strong> classe, juntamente com <strong>militante</strong>s <strong>de</strong> correntes i<strong>de</strong>ológicas que<br />

compartilhavam, ao menos em parte, <strong>de</strong> seus i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> luta incitavam o operariado a se<br />

rebelar contra os empresários e comerciantes que se aproveitavam da gran<strong>de</strong> procura por<br />

matérias-primas e gêneros alimentícios para elevarem os preços dos produtos. A<br />

remuneração do operariado, na época, era bem menor que o valor gasto em <strong>um</strong>a ―cesta<br />

básica‖ 124 . Os jornais <strong>de</strong>nunciavam a alta da produção <strong>de</strong> alimentos nacionais e também a<br />

elevação dos preços, <strong>de</strong>nunciando os capitalistas, afirmando que eles estavam ―roubando<br />

tudo‖ enquanto os trabalhadores passavam fome. Acusavam os comerciantes <strong>de</strong><br />

estocarem produtos, visando a elevar o preço <strong>de</strong>vido ao a<strong>um</strong>ento da procura, e<br />

incentivavam os trabalhadores a saquearem os armazéns.<br />

A carestia <strong>de</strong> vida, a falta <strong>de</strong> leis trabalhistas, em s<strong>um</strong>a, o agravamento das<br />

condições <strong>de</strong> existência da classe operária, juntamente com as idéias revolucionárias <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> parte dos <strong>militante</strong>s da causa social e operária, resultaram em <strong>de</strong>flagrações <strong>de</strong><br />

greves no Brasil inteiro. Segundo Tiago Bernardon <strong>de</strong> Oliveira, aquele<br />

É o momento em que a tensão capital/trabalho atinge seu clímax durante a<br />

Primeira República. A repressão armada por si só não conseguiu contê-la. A<br />

classe dominante e o Estado, a duras penas, tiveram que reconhecer a força dos<br />

operários grevistas e viam-se obrigados a negociar. 125<br />

123 RODRIGUES, op. cit ,p.51.<br />

124 MARAM, Sheldon Leslie. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro:<br />

1890-1920. Trad: José Eduardo Ribeiro Moretzsohn, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Paz e Terra, 1979, p.133.<br />

125 OLIVEIRA, Tiago Bernardon <strong>de</strong>. Mobilização Operária na República Exclu<strong>de</strong>nte: Um estudo<br />

comparativo da relação entre o Estado e o Movimento Operário nos casos <strong>de</strong> São Paulo,<br />

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