josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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conflito e o a<strong>um</strong>ento exagerado do custo <strong>de</strong> vida. A guerra tornou-se <strong>um</strong> novo inimigo dos<br />
<strong>militante</strong>s. Os jornais operários continham artigos <strong>de</strong>nunciando os motivos imperialistas do<br />
conflito, que, segundo eles, só era benéfico aos gran<strong>de</strong>s produtores capitalistas,<br />
maltratando o proletariado e ceifando vidas nos campos europeus <strong>de</strong> batalha. Dessa<br />
maneira combatia-se o militarismo tentando fazer com que os jovens se recusassem a ir à<br />
guerra.<br />
A esse respeito, em <strong>um</strong> artigo lançado n‘ A Lanterna, Eduardo Vital escreveu:<br />
A guerra prossegue em seu cortejo terrífico <strong>de</strong> horrores [...] inúmeras cida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>vastadas. São milhares <strong>de</strong> seres, ontem fortes e bravos, jovens a quem a vida<br />
prometia venturas, a quem a existência sorria, hoje arrojados ao nada pelas<br />
mortíferas balas. São ru<strong>de</strong>s operários, arrimos <strong>de</strong> velhos pais, ou <strong>de</strong> pequeninos<br />
seres, que balas assassinas fazem tombar para todo o sempre. São milhares <strong>de</strong><br />
famílias sem pão, é a miséria que surge, o a<strong>um</strong>ento da prostituição, o <strong>de</strong>sespero,<br />
a angustia e a agonia. 97<br />
Como foi dito, esses artigos enfatizavam os horrores causados pela guerra,<br />
buscando apoio na luta contra ela. Neste mesmo artigo, o autor ainda escreve que o<br />
motivo da guerra ―não é a pátria e sim a ambição‖ 98 , <strong>de</strong>nunciando as idéias capitalistas que<br />
moviam o conflito. A revista A Vida, da qual José Oiticica era <strong>um</strong> dos fundadores, foi<br />
também <strong>um</strong> veículo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia à Guerra européia. Em seu último número, do ano <strong>de</strong><br />
1914, em artigo intitulado A Conflagração Européia, <strong>de</strong> autor <strong>de</strong>sconhecido, no qual se<br />
encontra <strong>um</strong>a citação <strong>de</strong> Elisée Reclus, geógrafo francês <strong>anarquista</strong>, encontramos a<br />
afirmação que a Guerra européia era <strong>um</strong>a guerra comercial, resultado da supremacia da<br />
Alemanha em relação à Inglaterra e França. 99<br />
Para José Oiticica e os <strong>militante</strong>s da causa <strong>anarquista</strong> e operária, a guerra era mais<br />
<strong>um</strong> mal causado pelo sistema capitalista. Sobre o tema, escreve ele, ―quem conhece <strong>um</strong><br />
pouco da história universal vê que o móvel das guerras mo<strong>de</strong>rnas, móvel único, exclusivo,<br />
são as colônias, é o comércio, é o dinheiro, é a exploração capitalista é a organização<br />
social do parasitismo burguês‖ 100 . Os <strong>militante</strong>s buscavam mostrar que a Guerra era<br />
resultado da corrida capitalista promovida pelos países europeus e que, nessa corrida,<br />
quem ―pagava o saldo‖ era o operariado e as classes menos abastadas da socieda<strong>de</strong>.<br />
97 VITAL, Eduardo, ―A Guerra‖. A Lanterna Ano XII, n°262, set. 1914.<br />
98 VITAL, Eduardo, ―A Guerra‖. A Lanterna Ano XII, n°262, set. 1914.<br />
99 ―A Conflagração européia: O móvel das guerras <strong>de</strong> conquista‖. A Vida, Ano 1, n°2, <strong>de</strong>z. 1914.<br />
100 OITICICA, José “Viva, pois, A Alemanha”. Na Barricada, Ano 1, n°11, agosto. 1915<br />
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