josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Oiticica entrou no prédio da FORJ. 86<br />
Feitas tais consi<strong>de</strong>rações, po<strong>de</strong>mos notar que, possivelmente, foi nesse período<br />
que Oiticica estreitou ligações com a FORJ. Depois <strong>de</strong> conversar com alguns ali presentes,<br />
ele não cessou mais seu contato com movimento sindicalista <strong>de</strong> ação direta.<br />
Provavelmente passou então a conhecer e conviver com vários <strong>militante</strong>s, advindos ou<br />
não da classe operária, buscando adicionar ao movimento toda a sua cultura intelectual, o<br />
qual também ia fornecendo a Oiticica <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> carga <strong>de</strong> novas teorias.<br />
A história <strong>de</strong> militância <strong>de</strong> José Oiticica no movimento operário brasileiro nasceu<br />
juntamente com sua revigoração. Atuando <strong>de</strong> várias formas, como já foi dito anteriormente,<br />
Oiticica procurou <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus i<strong>de</strong>ais e informar seus conhecimentos aos operários,<br />
relacionando-os com a questão social. Buscou ensiná-los por meio <strong>de</strong> palestras e<br />
conferências, sobre o idioma, ciências, higiene, entre vários outros assuntos, tentando<br />
a<strong>um</strong>entar a ―cultura do trabalhador‖ para que assim ele pu<strong>de</strong>sse melhor se organizar e<br />
lutar contra os malefícios causados pela socieda<strong>de</strong> capitalista.<br />
Esta concepção il<strong>um</strong>inista do ―po<strong>de</strong>r‖ a partir do ―saber‖, segundo Francisco Foot<br />
Hardman 87 , teve gran<strong>de</strong> influência nas correntes i<strong>de</strong>ológicas do movimento operário. Além<br />
da idéia <strong>de</strong> que a emancipação do operário viria, também, a partir da ―educação‖, <strong>de</strong>vemos<br />
pensar que a instrução da classe trabalhadora era necessária para a compreensão das<br />
i<strong>de</strong>ologias discutidas em congressos, palestras e jornais. Sendo assim, Isabel Bilhão, ao<br />
abordar a questão, afirma que a <strong>de</strong>fesa da instrução para os operários era<br />
[...] tema que, como seu correlato incentivo à leitura, comparecia reiteradamente<br />
na imprensa operária da época, sendo consi<strong>de</strong>rada pelas li<strong>de</strong>ranças como<br />
condição primordial à difusão dos ‗nobres i<strong>de</strong>ais‘ e ao ‗alevantamento moral‘ do<br />
operariado. 88<br />
Essa instrução <strong>de</strong>veria ser realizada a partir dos interesses do operariado. Para os<br />
<strong>anarquista</strong>s ela não <strong>de</strong>veria partir das instituições estaduais, as quais seriam ―<strong>um</strong>a forma<br />
<strong>de</strong> domínio do Estado e da burguesia sobre o operariado‖ 89 . Para tanto, foram criadas<br />
86 LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campina: Ed. UNICAMP, 1990, p.368.<br />
87 HARDMAN, Francisco Foot. Nem Pátria, Nem Patrão: Memória Operária, Cultura e Literatura<br />
no Brasil. 3° Ed, São Paulo, UNESP, 2002, p. 78.<br />
88 BILHÃO, Isabel. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e Trabalho: <strong>um</strong>a história do operariado porto-alegrense<br />
(1898-1920). Londrina, EDUEL, 2008. p. 74.<br />
89 BILHÃO. op. cit., p. 75.<br />
41