josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
aluartes da propaganda operária, veículos <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> suas idéias e <strong>de</strong> doutrinas<br />
ácratas‖ 77 . O movimento, agora revigorado e com gran<strong>de</strong> disseminação das teorias<br />
<strong>anarquista</strong>s, tinha como veículo divulgador <strong>de</strong> idéias <strong>um</strong> mensário anticlerical. Cabe<br />
esclarecer que A Lanterna não era o único jornal que combatia o sistema capitalista, mas<br />
ele tinha importância inquestionável na luta operária, o que po<strong>de</strong> ter levado Oiticica a se<br />
aproximar da Liga antes mesmo <strong>de</strong> manter contato mais estreito com o movimento<br />
operário.<br />
A partir <strong>de</strong> então Oiticica passou a se relacionar com <strong>militante</strong>s que participavam da<br />
luta operária e, possivelmente, foi isto o que o levou a procurar conhecer a Fe<strong>de</strong>ração<br />
Operária do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1913, sendo o seu primeiro contato mais direto com a<br />
organização operária.<br />
A FORJ era <strong>um</strong> organismo fe<strong>de</strong>rativo que representava a classe operária daquele<br />
Estado, tendo sido fundada em setembro <strong>de</strong> 1906 em substituição à Fe<strong>de</strong>ração Operária<br />
Regional Brasileira (FORB), <strong>de</strong>vido à escolha, como forma <strong>de</strong> luta, da i<strong>de</strong>ologia<br />
sindicalista-revolucionária 78 , no Primeiro Congresso Operário Brasileiro, em 1906. 79<br />
Rodrigues observa que a organização do operariado em fe<strong>de</strong>rações foi <strong>de</strong>cidida no<br />
Primeiro Congresso Operário, em 1906. A justificativa era <strong>de</strong> que o pacto fe<strong>de</strong>rativo<br />
garantiria <strong>um</strong>a maior autonomia a cada fe<strong>de</strong>ração estadual. Com isso, as questões<br />
operárias não ficariam em po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> poucos, o que impediria o <strong>de</strong>senvolvimento ―da<br />
iniciativa e da capacida<strong>de</strong> do proletariado para se emancipar, com o risco ainda <strong>de</strong> serem<br />
os seus interesses sacrificados aos dos seus diretores‖ 80 .<br />
A organização em fe<strong>de</strong>rações, que seria <strong>um</strong> dos conceitos primordiais usados por<br />
77 RODRIGUES, Edgar. Socialismo e Sindicalismo no Brasil: 1675-1913. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Laemmert, 1969, p. 308.<br />
78 Segundo Edilene Toledo, em: Anarquismo e sindicalismo revolucionário: Trabalhadores e<br />
<strong>militante</strong>s em São Paulo na Primeira República. São Paulo, Fund. Perseu Abramo, 2004, p. 49<br />
―A base e fundamento do sindicalismo revolucionário era o texto aprovado no congresso da CGT<br />
(Confédération Générale Du Travail) francesa em 1906. Ele afirmava a in<strong>de</strong>pendência do<br />
sindicalismo em relação ao socialismo e ao anarquismo. Seus objetivos centrais eram organizar os<br />
trabalhadores na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus interesses morais, econômicos e profissionais, sem associar essa<br />
luta a qualquer partido ou tendência política‖.<br />
79 Congresso no qual se buscou a organização da luta operária sedimentando suas bases <strong>de</strong> lutas<br />
e fundando assim a Confe<strong>de</strong>ração Operária Brasileira.<br />
80 RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Rio <strong>de</strong> Janeiro, VRJ, 1993, p.117.<br />
38