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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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ao fornecimento <strong>de</strong> vagas gratuitas na instituição para crianças carentes, po<strong>de</strong>m ter se<br />

constituído nos motivos que <strong>de</strong>terminaram seu fechamento após dois anos, <strong>de</strong>vido às<br />

dificulda<strong>de</strong>s financeiras.<br />

Após sua malograda experiência como dono <strong>de</strong> colégio, Oiticica seguiu para<br />

Laguna, em Santa Catarina. Não consegui encontrar fontes que esclarecessem o porquê<br />

<strong>de</strong>le ter se mudado para o Sul do país. Alg<strong>um</strong>as hipóteses aqui po<strong>de</strong>m ser levantadas<br />

como <strong>um</strong> convite <strong>de</strong> trabalho ou por ter parentes que residiam na região. Morando em<br />

Laguna, atuou durante dois anos como diretor do Colégio Municipal daquela cida<strong>de</strong>.<br />

Em 1909 voltou ao Rio <strong>de</strong> Janeiro e tentou por diversas vezes ser aprovado em<br />

concursos para empregos do Estado, entretanto, ―embora, conseguindo sempre ótimos<br />

resultados‖ não obteve nenh<strong>um</strong> <strong>de</strong>stes cargos 56 . Visto que o caso <strong>de</strong> Oiticica não é<br />

singular na história brasileira, tomemos como outro exemplo o caso <strong>de</strong> Benjamin<br />

Constant 57 , que também prestou concursos almejando <strong>um</strong> cargo <strong>de</strong> professor no Estado,<br />

conseguindo ser nomeado como professor <strong>de</strong> matemática do Instituto Comercial apenas<br />

na quarta tentativa, mesmo tendo sido classificado em primeiro lugar em todos os<br />

concursos anteriores. Sobre esta postura do Estado, Benjamin Constant escreve que ―a<br />

distribuição das regências [...] atendia mais a critérios políticos do que a critérios <strong>de</strong><br />

seleção propriamente ditos [...], a interferência política na escolha dos lentes sempre<br />

<strong>de</strong>sempenhou papel fundamental e prepon<strong>de</strong>rante‖ 58 . De forma semelhante ao que<br />

ocorreu com Benjamin Constant, po<strong>de</strong>-se pensar que, para Oiticica, a experiência dos<br />

concursos certamente foi impactante nas formulações e críticas quanto ao Estado, lhe<br />

ensinado que o mérito não era garantia <strong>de</strong> ascensão social ou profissional.<br />

Possivelmente fundamentado em suas frustrações pessoais em relação a esse<br />

Estado Oligárquico, que não empregava pelo mérito e sim pelo clientelismo, nos anos<br />

seguintes, segundo Samis, Oiticica ampliou suas críticas ao Estado, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado<br />

suas idéias patrióticas iniciais. Ele usou <strong>de</strong> ―sua cultura geral alicerçada na atuação como<br />

56 RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Rio <strong>de</strong> Janeiro, VRJ, 1993, p.33.<br />

57 Benjamin Constant Botelho <strong>de</strong> Magalhães nasceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1833. Foi militar, político,<br />

professor e <strong>um</strong> dos i<strong>de</strong>ólogos fundadores da República. Sobre Benjamin Constant, ver: LEMOS<br />

Renato, Benjamin Constant: Vida e História. Ed. Art Line Produções Gráficas Ltda, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

1999, p.44-57.<br />

58 LEMOS Renato, op cit, p. 55.<br />

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