josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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omba explosiva na lancha da Polícia Marítima, quando hoje, ao fun<strong>de</strong>ar no<br />
porto o paquete Itatinga, da Costeira, sentado no convés, conversando com seu<br />
filho estava José Oiticica. Retido por alg<strong>um</strong> tempo, foi autorizado seu<br />
<strong>de</strong>sembarque, pelo Dr. Aurelino Leal. 39<br />
José Oiticica voltava então, juntamente com sua família, à Capital Fe<strong>de</strong>ral, após ter<br />
sido preso e <strong>de</strong>sterrado para o Estado <strong>de</strong> Alagoas, acusado <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> dos responsáveis<br />
por promover a greve geral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em novembro <strong>de</strong> 1918.<br />
Segundo boa parte dos que estudam sua trajetória, como Edgar Rodrigues,<br />
Roberto das Neves, Alexandre Samis, Arnoni Prado, entre outros, José Rodrigues Leite e<br />
Oiticica foi <strong>um</strong> intelectual e <strong>anarquista</strong> doutrinário brasileiro que participou ativamente das<br />
lutas operárias ocorridas no país na Primeira República. Seguindo sua i<strong>de</strong>ologia, realizou<br />
palestras e cursos <strong>de</strong> caráter doutrinário e educativo, escreveu artigos para jornais,<br />
elaborou peças <strong>de</strong> teatro e participou da organização da insurreição <strong>anarquista</strong> do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Seguiu <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o anarquismo até sua morte, mesmo <strong>de</strong>pois que este i<strong>de</strong>al<br />
per<strong>de</strong>u espaço <strong>de</strong>ntro do movimento operário para a corrente comunista.<br />
É reconhecido também por ser <strong>um</strong> indivíduo <strong>de</strong> cultura vastíssima, tendo<br />
conhecimento em diversas áreas como d Direito, Medicina, Filologia, Ciências H<strong>um</strong>anas<br />
além <strong>de</strong> dominar vários idiomas (latim e grego clássicos, francês, inglês, alemão, espanhol,<br />
italiano, russo e esperanto) sendo consi<strong>de</strong>rado, por intelectuais como Cândido Jucá Filho 40 ,<br />
<strong>um</strong> dos maiores linguistas, fonetistas e filólogos do Brasil. Nas palavras <strong>de</strong> Alexandre<br />
Samis, ―apaixonado pelas letras e movido pela sua i<strong>de</strong>ologia, alcançou renome<br />
internacional e foi mesmo, para alguns governos, <strong>um</strong> perigoso subversivo‖ 41 .<br />
Segundo Nicolau Sevcenko, ―em geral, no Rio <strong>de</strong> Janeiro era on<strong>de</strong> se concentrava<br />
a elite letrada [...] do Brasil‖ 42 . Assim sendo, po<strong>de</strong>mos pensar que toda esta ―cultura‖<br />
adquirida por Oiticica foi certamente influenciada pelas características da intelectualida<strong>de</strong><br />
39 RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Rio <strong>de</strong> Janeiro: VRJ, 1993, p. 37.<br />
40 Assim como Oiticica, Cândido Jucá Filho foi professor do Colégio Pedro II, além <strong>de</strong> lingüista e<br />
filólogo, tendo publicado várias obras sobre este tema.<br />
41 SAMIS, Alexandre. ―Presenças Indômitas: José Oiticica e Domingos Passos‖. In: FERREIRA,<br />
Jorge e REIS, Daniel Arão. As Formações das Tradições 1889-1945. Col. História da Esquerdas,<br />
vol. 3. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Civilização Brasileira, 2007, p. 92.<br />
42 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como Missão: tensões sociais e criação cultural na<br />
Primeira República. 2°ed. CIA das Letras, São Paulo, 2003, p.98.<br />
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