josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>anarquista</strong>s, os quais afirmavam que a teoria não <strong>de</strong>veria ser pensada e divulgada apenas<br />
em <strong>um</strong>a classe, mas sim por todas as classes, sem distinção.<br />
Oiticica seguiu então divulgando e <strong>de</strong>batendo sobre a teoria <strong>anarquista</strong> nos vários<br />
locais on<strong>de</strong> atuava, em centros <strong>de</strong> militância como a FORJ, em locais <strong>de</strong> trabalho como o<br />
Colégio Pedro II e também em sua própria residência. Visto que gran<strong>de</strong> parte das reuniões<br />
que visavam organizar o levante <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1918, o qual recebeu gran<strong>de</strong> influência<br />
da Revolução Russa e contou, como <strong>um</strong> <strong>de</strong> seus principais incitadores, com o nosso<br />
biografado, foram realizadas em sua casa, lugar que também era bastante frequentado por<br />
<strong>militante</strong>s <strong>anarquista</strong>s, como vimos no Terceiro Capítulo, sendo, portanto, impossível<br />
pensar que ali não se exercitava a prática das discussões da teoria ácrata.<br />
Como apontado, parecia não existir <strong>um</strong>a separação entre lugar <strong>de</strong> militância e lugar<br />
familiar para Oiticica; em todos os lugares vivia ele suas teorias, mesmo que não se <strong>de</strong>sse<br />
na prática, po<strong>de</strong>mos pensar que ao menos o anarquismo sempre permeava seus passos,<br />
fosse divulgando, atuando em <strong>um</strong> sindicato ou levando seus camaradas para seu lar. E<br />
seu lar, sua família também o seguia, ou pelo menos o acompanhava no seu estilo <strong>de</strong> vida,<br />
ou sofria as consequências <strong>de</strong>ste seu estilo <strong>de</strong> vida. Pois, ao ser <strong>de</strong>sterrado para Alagoas,<br />
após ser preso e con<strong>de</strong>nado por ―encabeçar‖ o movimento grevista, que eclodiu no Rio em<br />
1918, sua família o acompanhou. As cartas apresentadas, os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> Sônia, sua<br />
filha, os <strong>de</strong>poimentos do próprio Oiticica, po<strong>de</strong>m revelar que suas teorias <strong>anarquista</strong>s eram<br />
conhecidas e discutidas no interior <strong>de</strong> sua casa. Assim, po<strong>de</strong>mos acreditar que seu<br />
anarquismo não foi vivenciado apenas no espaço <strong>de</strong> militância, mas também no espaço<br />
familiar.<br />
Estas trajetórias, estas relações foram, construindo os caminhos traçados por<br />
Oiticica no movimento operário carioca; seus estudos possibilitaram <strong>um</strong> amplo<br />
conhecimento que, certamente, o auxiliou na formulação <strong>de</strong> suas teorias; as <strong>de</strong>cepções<br />
que foi tendo com o Estado, especialmente via concursos, pelo quais, mesmo sendo<br />
aprovado, não conseguia ser empossado, a corrupção latente no sistema político nacional,<br />
os males observados no capitalismo, o apoio da família perante suas idéias e sua forma <strong>de</strong><br />
conduzi-las, possivelmente criaram as condições e os espaços necessários para que ele<br />
pu<strong>de</strong>sse exercitar sua militância.<br />
133