josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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com as leituras ácratas convencendo-se da legitimida<strong>de</strong> ou importância <strong>de</strong> tais teorias e se<br />
<strong>de</strong>clarando <strong>militante</strong> em 1912.<br />
Toda sua formação intelectual, a qual iniciou logo cedo, tendo frequentado<br />
importantes centros educacionais, vieram ajudá-lo na construção <strong>de</strong> sua militância, na<br />
medida em que passou a escrever artigos, palestrar, visando teorizar e divulgar suas<br />
novas idéias. Estas ativida<strong>de</strong>s, segundo alguns <strong>de</strong> seus admiradores, sempre eram<br />
executadas com maestria. Adjetivos como ―gran<strong>de</strong> mestre da oratória‖ e ―exímio escritor e<br />
divulgador da gran<strong>de</strong> teoria‖ eram comuns em artigos <strong>de</strong> jornais que visavam anunciar ou<br />
comentar alg<strong>um</strong>a produção <strong>de</strong> José Oiticica.<br />
Oiticica se <strong>de</strong>clara <strong>anarquista</strong>, publicamente, em <strong>um</strong> artigo em homenagem à morte<br />
<strong>de</strong> Francisco Ferrer, pedagogo <strong>anarquista</strong>. Como já vimos o primeiro, entra no anarquismo<br />
pela porta do ensino, profissão que escolheu após abandonar a carreira jurídica,<br />
<strong>de</strong>stoando assim do que era com<strong>um</strong> a jovens advindos das classes oligárquicas, como era<br />
seu caso. Acreditava que o ensino era a chave para a solução dos problemas sociais,<br />
mesmo antes <strong>de</strong> conhecer as teorias <strong>anarquista</strong>s. Tendo formulado as diretrizes do colégio<br />
do qual foi dono nestas bases, procurou assim matricular alunos que não tinham condições<br />
<strong>de</strong> pagar pelos estudos, sendo este <strong>um</strong> dos prováveis motivos <strong>de</strong> sua falência.<br />
A necessida<strong>de</strong> do ensino era muito discutida entre os <strong>militante</strong>s das teorias sociais,<br />
inspirados pelas i<strong>de</strong>ias il<strong>um</strong>inistas, acreditavam na importância da instrução escolar para o<br />
sucesso da emancipação do homem do capital. Oiticica une sua crença no ensino com<br />
suas novas teorias e passa a atuar no meio operário, divulgando, ensinando, ministrando<br />
cursos, escrevendo, visando instruir os trabalhadores da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se implantar a<br />
anarquia. Suas teorias anárquicas não ficavam restritas ao mundo do trabalho, logo tratou<br />
<strong>de</strong> divulgá-las também entre os muros <strong>de</strong> <strong>um</strong>a instituição governamental, o Colégio Pedro<br />
II, no qual lecionou até ser aposentado, aos 70 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, no ano <strong>de</strong> 1952.<br />
Sua entrada em tal instituição nos fez elaborar certas análises. Um <strong>anarquista</strong><br />
trabalhando para o governo? Sem voltar a tais análises, lembro que estas po<strong>de</strong>m nos levar<br />
à h<strong>um</strong>anização <strong>de</strong> nosso personagem, às situações que o levaram ass<strong>um</strong>ir este emprego.<br />
Pensamos, então, na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sustentar sua família e também nos i<strong>de</strong>ais<br />
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