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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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amor este que nos parece recíproco ao lermos os trechos citados nas cartas que sua<br />

esposa lhe enviava e nas lembranças <strong>de</strong> Sônia. Sendo assim, visto que não existia <strong>um</strong>a<br />

separação entre vida <strong>militante</strong> e vida familiar, sua família possivelmente representou papel<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque também em sua existência libertária, apoiando-o, admirando-o e sofrendo<br />

com ele em suas escolhas.<br />

Assim, seguiram juntamente com Oiticica para seu exílio em Alagoas. O próximo e<br />

último tópico tratará <strong>de</strong>sta passagem por aquele Estado, observando Oiticica após sua<br />

prisão e <strong>de</strong>portação, ou seja, refletindo sobre como ele <strong>de</strong>u continuida<strong>de</strong> às suas idéias<br />

anárquicas.<br />

3.3- Oiticica segue para Alagoas: análises <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>sterro e seus efeitos sobre as<br />

“Idéias subversivas”<br />

No início do ano <strong>de</strong> 1919, José Oiticica foi <strong>de</strong>sterrado para Alagoas, como pena por<br />

ter ―encabeçado‖ o ―movimento grevista insurrecional do ano anterior‖. As medidas<br />

repressivas tomadas pelo Estado, como <strong>de</strong>sterrar as pessoas que causavam incomodo à<br />

or<strong>de</strong>m nacional, certamente visavam conseguir impedi-los <strong>de</strong> propagar as idéias<br />

subversivas, as quais po<strong>de</strong>riam colocar em risco a supremacia do capitalismo e também<br />

da estabilida<strong>de</strong> estatal, da mesmo forma que a prisão, com o seu tratamento sub-h<strong>um</strong>ano,<br />

os castigos e o trabalho forçado, tentavam intimidar os ―subversores‖ e fazer com que não<br />

mais cometessem crimes contra o governo. Portanto, teoricamente, ao aprisionar ou<br />

<strong>de</strong>portar esses homens que tentavam subverter a or<strong>de</strong>m social, o Estado buscava resolver<br />

ou ao menos minorar o problema dos conflitos sociais, medida essa que, na maioria dos<br />

casos, não surtia efeito. Como foi o caso <strong>de</strong> José Oiticica.<br />

Ao comentar sobre suas prisões, Oiticica, tentando <strong>de</strong>monstrar a inutilida<strong>de</strong> das<br />

leis repressivas como forma <strong>de</strong> resolução da causa social, escreveu que,<br />

Não posso me queixar <strong>de</strong> minhas prisões. Sempre acabaram sendo úteis.<br />

Dessa vez aproveitei os meses <strong>de</strong> férias forçadas para <strong>um</strong>a revisão séria<br />

<strong>de</strong> meus estudos <strong>de</strong> fonética. [...]. Das autorida<strong>de</strong>s só não tenho queixa<br />

pelo tempo que me <strong>de</strong>ram em prisão. Em 1937, como lhe disse, pu<strong>de</strong> voltar<br />

a estudar fonética <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 15 anos sem tempo para isso. Em<br />

1925 valeu também: mandaram-me para a Ilha Rasa, <strong>de</strong>pois para Ilha das<br />

Flores e mais tar<strong>de</strong> para a do Bom Jesus, senti não ter ido para Trinda<strong>de</strong><br />

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