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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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diferente do que é observado por eles.<br />

Sabina Loriga, em entrevista realizada por Schmidt, afirma que as novas<br />

abordagens biográficas ―não pensam a socieda<strong>de</strong> como <strong>um</strong>a totalida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das<br />

vonta<strong>de</strong>s individuais‖. Pelo contrário, a biografia <strong>de</strong>veria ser <strong>um</strong> conjunto no qual se<br />

reuniria o todo social com as vidas individuais. O indivíduo ganha espaço nas explicações<br />

das estruturas sociais. Para ela, é a partir do estudo do indivíduo que po<strong>de</strong>remos alcançar<br />

<strong>um</strong>a melhor análise das socieda<strong>de</strong>s 7 . Acredito que assim po<strong>de</strong>mos notar como foi se<br />

construindo nosso personagem e suas visões <strong>de</strong> mundo: a partir <strong>de</strong> suas relações nos<br />

meios sociais.<br />

Com a ampliação da concepção <strong>de</strong> fontes, os historiadores biógrafos vêem-se<br />

obrigados a buscar doc<strong>um</strong>entação em lugares antes ―estranhos‖ ao ofício, como arquivos<br />

privados, escritos particulares (diários, anotações pessoais), entre outros, pois todo<br />

homem torna-se passível <strong>de</strong> ser biografado, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a idéia <strong>de</strong> se escrever<br />

apenas sobre os ―heróis e seus gran<strong>de</strong>s feitos‖.<br />

Para Schmidt, o retorno da biografia está ligado à chamada ―crise da história<br />

científica‖. Em suas palavras,<br />

[...]Durante muito tempo, sob a tripla influência <strong>de</strong> Marx, Durkheim e Brau<strong>de</strong>l, o<br />

biográfico, e <strong>de</strong> forma mais geral o acontecimento, foi visto como a superfície da<br />

história, o epifenômeno <strong>de</strong> estruturas socioeconômicas profundas e impessoais,<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a consciência social externa ao indivíduo e <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> longa<br />

duração não redutíveis às existências individuais. Hoje, pelo contrário, com o<br />

<strong>de</strong>scrédito das totalizações, dos mo<strong>de</strong>los explicativos genéricos e das idéias <strong>de</strong><br />

sujeito universal e <strong>de</strong> sentido da/na história, ressurge o interesse pelas<br />

trajetórias individuais. 8<br />

Logicamente, esta ―volta‖ da biografia chega com <strong>um</strong>a problemática renovada,<br />

trazendo novas questões a serem pensadas, novas metodologias <strong>de</strong> pesquisa e novas<br />

proposições teóricas, sempre buscando maior abrangência <strong>de</strong> conhecimento do<br />

personagem/indivíduo/sujeito escolhido para análise.<br />

Po<strong>de</strong>mos notar esse ―<strong>de</strong>scrédito das totalizações‖, assinalado por Schmidt, em<br />

7 SCHMIDT, Benito. ―Entrevista com Sabina Loriga: A história biográfica‖. Métis. História &<br />

Cultura, Caxias do Sul, p. 11-23, jun. 2003.<br />

8 SCHMIDT, Benito Bisso. ―A biografia histórica: o ―retorno‖ do gênero e a noção <strong>de</strong> contexto‖. In:<br />

GUAZELLI. I<strong>de</strong>m, 2000, p.123.<br />

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