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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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Revolta da Chibata. 275 Sendo assim, a crença na vitória <strong>de</strong> <strong>um</strong> movimento insurrecional e<br />

na união <strong>de</strong> trabalhadores e soldados era esperado na mente dos <strong>militante</strong>s sindicais. É<br />

bem provável que Oiticica e seus camaradas não tivessem <strong>um</strong>a visão muito diferente do<br />

contexto da época, organizando assim <strong>um</strong> levante que visaria, segundo a versão oficial<br />

apresentada no inquérito policial, a <strong>de</strong>rrubada do Estado e seus representantes.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da narrativa sobre a organização do movimento que será feita aqui se<br />

baseia nos <strong>de</strong>poimentos encontrados nos autos do inquérito instaurado pela polícia <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>belada a tentativa insurrecional <strong>de</strong> 1918. Os <strong>de</strong>poimentos estão também disponíveis<br />

no livro <strong>de</strong> Ban<strong>de</strong>ira, O ano vermelho: A Revolução Russa e seus reflexos no Brasil.<br />

Segundo o chefe da Seção <strong>de</strong> Segurança Pública e Or<strong>de</strong>m Social, da Inspetoria <strong>de</strong><br />

Investigações e Capturas, foi por fins do mês <strong>de</strong> outubro que se iniciaram as reuniões<br />

noturnas na casa do professor Oiticica. Nelas estavam sempre presentes Manuel Campos,<br />

João da Costa Pimenta, Astrojildo Pereira, Álvaro Palmeira, Carlos Dias, José Romero,<br />

José Elias e mais alguns. 276 Ao falar da organização da insurreição, Dulles afirma que o<br />

grupo do ―conselho diretor‖ do levante era formado por José Oiticica, Agripino Nazaré e<br />

Astrogildo Pereira. Este conselho ficaria inc<strong>um</strong>bido <strong>de</strong> orientar os trabalhadores prestes a<br />

<strong>de</strong>clararem greve pelas condições <strong>de</strong> trabalho. 277 O intuito era fazer com que os operários,<br />

ao iniciar <strong>um</strong>a greve, partissem também para a luta em prol da <strong>de</strong>rrubada do governo.<br />

armado, inclusive o <strong>de</strong>putado e coronel reformado do Exército Barbosa Lima. A revolta fora<br />

marcada para se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar às 24 horas, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1915, véspera do Natal ,pelos<br />

autores intelectuais da projetada revolta, com apoio do braço armado <strong>de</strong> sargentos do Exército,<br />

Brigada Policial, Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, sargentos da Armada em menor número, pessoal da Light ,<br />

estivadores e operários previamente comprometidos. Texto disponível em:<br />

http://www.militar.com.br/blog1363-%5C. Acessado em 20/05/2011.<br />

275 A Revolta da Chibata foi <strong>um</strong> movimento <strong>de</strong> militares da Marinha do Brasil, planejado por cerca<br />

<strong>de</strong> dois anos e que culminou com <strong>um</strong> motim que se esten<strong>de</strong>u <strong>de</strong> 22 até 27 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1910 na<br />

Baía <strong>de</strong> Guanabara, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, à época a capital do país, sob a li<strong>de</strong>rança do marinheiro<br />

João Cândido Felisberto. Na ocasião rebelaram-se cerca <strong>de</strong> 2400 marinheiros contra a aplicação <strong>de</strong><br />

castigos físicos a eles impostos (as faltas graves eram punidas com 25 chibatadas), ameaçando<br />

bombar<strong>de</strong>ar a cida<strong>de</strong>. Durante o primeiro dia do motim foram mortos marinheiros infiéis ao<br />

movimento e cinco oficiais que se recusaram a sair <strong>de</strong> bordo, entre eles o comandante do<br />

Encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves. Sobre a Revolta da Chibata ver: MAESTRI,<br />

Mário. 1910: a revolta dos Marinheiros. Uma saga negra. 3 ed. São Paulo: Global, 1982. E a tese<br />

<strong>de</strong> Doutorado <strong>de</strong> José Miguel Arias Neto, intitulada: Em busca da cidadania: praças da Armada<br />

Nacional, 1867-1910, USP, 2001.<br />

276 BANDEIRA, Moniz. O ano vermelho: A revolução russa e seus reflexos no Brasil. São Paulo,<br />

Brasiliense, 2° Ed, 1980, p.305.<br />

277 DULLES, John W. Foster. Anarquistas e Comunistas no Brasil: 1900-1933, op. cit, p.67.<br />

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