josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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criar entre os operários <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> política. Schmidt, biografando dois importantes<br />
socialistas gaúchos, afirma que,<br />
esses chamamentos que, aos olhos <strong>de</strong> hoje, po<strong>de</strong>m parecer ingênuos ou<br />
meros exercícios <strong>de</strong> retórica, tinham muito sentido no contexto gaúcho e<br />
brasileiro como <strong>um</strong> todo, do final do século XIX e início do XX, quando o<br />
movimento operário ensaiava seus primeiros passos e contava com poucos<br />
participantes, a afirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do operariado em oposição à<br />
burguesia parecia ser o primeiro passo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a efetiva ação<br />
reivindicadora. 269<br />
Acredito que esta análise po<strong>de</strong> ser aplicada também ao contexto em que foram<br />
escritos os artigos <strong>de</strong> Oiticica, citados a cima. Isso porque a organização sindical sofreu<br />
<strong>um</strong> arrefecimento no ano <strong>de</strong> 1917. Assim, no ano seguinte, os intelectuais e <strong>militante</strong>s da<br />
causa operária almejavam, também, reorganizar a luta proletária e, portanto, visavam a<br />
reafirmação da classe e também <strong>de</strong> sua consciência política. Nesse sentido, utilizavam-se<br />
do contexto a eles contemporâneo, a Guerra, a Revolução Russa, a carestia, como<br />
motivos existentes para a revolta operária e, consequentemente, para a <strong>de</strong>rrubada do<br />
Estado.<br />
Segundo Bartz, o movimento operário no final <strong>de</strong> 1918 dava mostras <strong>de</strong> ter<br />
retomado suas forças:<br />
No Rio <strong>de</strong> Janeiro a Aliança Anarquista, [...], on<strong>de</strong> militavam importantes<br />
figuras como Astrojildo Pereira e José Oiticica, <strong>de</strong>cidiu preparar <strong>um</strong>a<br />
insurreição para <strong>de</strong>rrubar o governo e instalar <strong>um</strong>a República Soviética <strong>de</strong><br />
Operários. O plano era <strong>de</strong>flagrar <strong>um</strong>a greve revolucionária, invadir o Palácio<br />
Presi<strong>de</strong>ncial e tomar a Intendência <strong>de</strong> Guerra, para armar os trabalhadores<br />
e controlar o Rio <strong>de</strong> Janeiro. O plano foi <strong>de</strong>scoberto por traição do tenente<br />
Elias Ajus. 270<br />
A <strong>de</strong>flagração <strong>de</strong>sta insurreição se <strong>de</strong>u no dia 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1918, sendo<br />
preparada por, como já foi dito, José Oiticica e Astrojildo Pereira, mas também contou com<br />
a importante participação <strong>de</strong> Manuel Campos, Agripino Nazaré, Ricardo Correia Perpétua<br />
e Elias Ajus, que era <strong>um</strong> agente da polícia, infiltrado no movimento.<br />
269 SCHMIDT, Benito Bisso. O patriarca e o Tribuno: Caminhos, encruzilhadas e ponte <strong>de</strong> dois<br />
lí<strong>de</strong>res socialistas- Francisco Xavier da Costa (187? -1934) e Carlos Cavaco (1878-1961).Tese<br />
<strong>de</strong> Doutorado em História. UNICAMP, Ano 2002, p. 278.<br />
270 BARTZ, Fre<strong>de</strong>rico Duarte. O horizonte Vermelho: o impacto da Revolução Russa no<br />
movimento operário do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, 1917-1920. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, ano 2008, p.41.<br />
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