josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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Teatro Cultura Social, e teve como <strong>um</strong> <strong>de</strong> seus conferencistas José Oiticica. 266<br />
Essas<br />
palestras, possivelmente, visavam, além <strong>de</strong> instruir o operariado, também empolgá-lo com<br />
exemplos vitoriosos <strong>de</strong> levantes realizados pelo povo. Portanto, temas como a queda da<br />
Bastilha e mais correntemente a Revolução Russa, pelo fato <strong>de</strong> ser contemporânea a eles,<br />
era usado como exemplo e incentivo.<br />
No início <strong>de</strong> 1918, durante o período <strong>de</strong> formação da Aliança Anarquista e da UGT,<br />
Oiticica, em <strong>um</strong>a possível tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que o sucesso da luta dos povos<br />
oprimidos era iminente, afirmou:<br />
Hão <strong>de</strong> mover todas as vonta<strong>de</strong>s para a supressão <strong>de</strong>finitiva dos<br />
exploradores <strong>de</strong> homens, e o <strong>de</strong>stino h<strong>um</strong>ano não sairá das conferências<br />
<strong>de</strong> chanceleres, nem das ofensivas colossais, nem das fórmulas mais ou<br />
menos fraudulentas <strong>de</strong> jurisconsultos e chefes da nação; a <strong>de</strong> irromper dos<br />
soviets, dos sindicatos libertários, das agremiações dos proletários, porque<br />
agora a dor h<strong>um</strong>ana, avol<strong>um</strong>ada com os morticínios gigantescos, as<br />
tragédias formidáveis <strong>de</strong>stes três anos tem para dirigir-lhe os ímpetos <strong>de</strong><br />
reivindicação essa consciência que o século XIX nos legou, e vai ser, no<br />
século XX, a luz guiadora da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong> em marcha. 267<br />
Nesse período, os soviets já haviam conseguindo <strong>de</strong>rrubar a autocracia russa. Ao<br />
citá-los, certamente Oiticica buscava incentivar os sindicatos libertários e as agremiações<br />
dos proletários brasileiros a se levantarem também contra os ―exploradores <strong>de</strong> homens‖,<br />
tendo como guia a consciência nascida no século XIX, por meio da qual, possivelmente,<br />
ele se referia à teoria <strong>anarquista</strong>. Po<strong>de</strong>-se notar também a ênfase dada ao impacto<br />
causado pela Gran<strong>de</strong> Guerra, este seria crucial para insurreição dos povos oprimidos<br />
contra os responsáveis por seus males.<br />
No artigo intitulado O Motivo, ele volta a falar que a Guerra Mundial seria o estopim<br />
para <strong>de</strong>flagração da guerra social no Rio <strong>de</strong> Janeiro, assim escreve, ―os trabalhadores<br />
cariocas vão compreen<strong>de</strong>ndo o alcance extraordinário da tragédia mundial e se preparam<br />
aqui para cooperar com os trabalhadores do orbe inteiro nessa re<strong>de</strong>nção. Eis o motivo<br />
principal do movimento e a agitação marulhosa e alviçareira <strong>de</strong> <strong>um</strong>a consciência que<br />
<strong>de</strong>sperta.‖ 268<br />
Além <strong>de</strong> incentivo e afirmação do movimento operário, estes artigos almejavam<br />
266 ADDOR, Carlos Augusto, op. cit, p.111.<br />
267 OITICICA, José. ―Sem título‖. O Cosmopolita. Ano II, N°27, fev. 1918.<br />
268 OITICICA, José. ―O Motivo‖. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
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