josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
que não perpetuassem a exploração mantida pelo sistema capitalista. Propagando essa<br />
idéia, eles buscavam apoio para dar sequência em sua luta contra a socieda<strong>de</strong> burguesa,<br />
visando à <strong>de</strong>flagração da revolução que <strong>de</strong>rrubaria a or<strong>de</strong>m vigente.<br />
O discurso <strong>de</strong> Oiticica nos remete a <strong>um</strong>a análise. Parece-me que o patriotismo<br />
existente em suas teorias antecessoras à sua a<strong>de</strong>são ao anarquismo ainda serviam <strong>de</strong><br />
embasamento para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias <strong>anarquista</strong>s. Amor à Pátria, à terra, ao povo,<br />
tudo isso ainda aparecia em seu discurso, mas agora estes elementos vinham amparados<br />
por preceitos ácratas. Sendo assim, esse patriotismo não se restringiria apenas aos<br />
naturais <strong>de</strong>sta nação, mas sim a todos os homens que fizessem <strong>de</strong>la e <strong>de</strong> qualquer outro<br />
lugar <strong>um</strong> espaço livre da exploração capitalista.<br />
O ano <strong>de</strong> 1918 surgiu com novos ares para o movimento operário. Se havia<br />
acontecido <strong>um</strong> arrefecimento sindical nos últimos meses, agora os <strong>militante</strong>s da causa<br />
operária encontrariam novo ânimo para intensificar sua luta contra a burguesia e o Estado.<br />
―O ano <strong>de</strong> 1918 se inicia sob o signo da vitória da Revolução Social na Rússia Soviética‖ 258 .<br />
E, possivelmente empolgados com a vitória da <strong>de</strong>flagração contra a socieda<strong>de</strong> capitalista<br />
na Rússia, ainda em janeiro, <strong>anarquista</strong>s reúnem-se com o objetivo <strong>de</strong> constituir a Aliança<br />
Anarquista do Rio <strong>de</strong> Janeiro, a qual lançaria seu primeiro Boletim <strong>de</strong> informações já no<br />
mês <strong>de</strong> fevereiro. Buscando reorganizar os trabalhadores, intelectuais e <strong>militante</strong>s,<br />
iniciaram a organização <strong>de</strong> outro órgão que representaria a força operária. No mês <strong>de</strong><br />
março foi então constituída a União Geral dos Trabalhadores (U.G.T) que nasceu em<br />
substituição à FORJ.<br />
Segundo Samis, Oiticica estava envolvido tanto na construção da Aliança<br />
Anarquista do Rio <strong>de</strong> Janeiro quanto na da UGT e, assim, ―alternava sua ação entre <strong>um</strong>a<br />
entida<strong>de</strong> organizativa e outra <strong>de</strong> classe‖ 259 . Essa dupla atuação era com<strong>um</strong> tanto entre os<br />
<strong>anarquista</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro, quanto <strong>de</strong> outros locais do país; visando a <strong>de</strong>rrocada total<br />
da socieda<strong>de</strong> burguesa e do Estado capitalista, acreditavam na força dos operários. Assim,<br />
<strong>de</strong>fendiam que, para que a ação direta dos trabalhadores se tornasse mais eficaz, era<br />
258 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição <strong>anarquista</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Achiamé,2° Ed. 2002, p.96-98.<br />
259 SAMIS, Alexandre. ―Presenças Indômitas: José Oiticica e Domingos Passos‖, op. cit, p. 97.<br />
109