josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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possivelmente tentava <strong>de</strong>monstrar que a organização sindical daquele período estava<br />
integrada, que as insatisfações dos trabalhadores não eram algo <strong>de</strong>slocado ou regional,<br />
mas sim que eles estavam unidos pra atingir <strong>um</strong> objetivo: lutar contra as explorações da<br />
burguesia e do Estado capitalista.<br />
Possivelmente, com tais <strong>de</strong>clarações, procurasse atingir os dois grupos envolvidos<br />
na questão operária: a classe trabalhadora e a classe mandante. A primeira possivelmente<br />
seria seduzida com idéia da força operária, da gran<strong>de</strong>za do movimento; a segunda,<br />
Oiticica provavelmente tentava amedrontar com a idéia da iminente <strong>de</strong>rrocada do capital, a<br />
partir da ―real existência‖ <strong>de</strong> <strong>um</strong>a união geral dos trabalhadores. José Oiticica realmente<br />
parecia acreditar que existia <strong>um</strong>a organização operária forte e unida naquela época. Ao<br />
relembrar o período afirma que, ―em sete anos, pois, havíamos criado escorraçando<br />
primeiro todos os políticos dos sindicatos, <strong>um</strong>a Central Obreira forte, mais forte ainda se<br />
consi<strong>de</strong>rarmos o movimento muito maior em S. Paulo‖. 245<br />
Segundo Addor, a greve paulista ―tem sua origem basicamente vinculada ao [...]<br />
agravamento das condições <strong>de</strong> existência da classe operária‖ 246 . Boris Fausto afirma que<br />
tal movimento ―abriria <strong>um</strong>a conjuntura histórica cujos limites se esten<strong>de</strong>m<br />
cronologicamente até 1920‖ 247 . Corroborando esse pensamento, Addor afirma que a greve<br />
generalizada, que ocorreu no Rio <strong>de</strong> Janeiro em julho <strong>de</strong> 1917, teve como último elemento<br />
incentivador, as notícias sobre a movimentação operária paulista. A organização da greve<br />
seria resultado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a intensa atuação da FORJ e também motivada por alguns<br />
acontecimentos imediatos como o <strong>de</strong>sabamento do New York Hotel, que ainda estava em<br />
construção, matando e ferindo vários operários. 248<br />
Esses dois pontos citados por Addor fazem crer em <strong>um</strong>a participação, se não direta,<br />
bastante intensa <strong>de</strong> José Oiticica nessa greve na Capital Fe<strong>de</strong>ral. Como já foi dito a FORJ<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do ano <strong>de</strong> 1917, li<strong>de</strong>rou <strong>um</strong> movimento contra a carestia no Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />
assim, os <strong>militante</strong>s do movimento operário buscaram a organização dos trabalhadores. O<br />
245 OITICICA, José. ―Movimento <strong>anarquista</strong>: atuação <strong>anarquista</strong>s nos sindicatos‖. Ação Direta, Ano<br />
1, N°4, 07/05/1946.<br />
246 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição <strong>anarquista</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Achiamé,2° Ed. 2002, p.94.<br />
247 FAUSTO, Bóris. ―Trabalho Urbano e Conflito Social‖ APUD, ADDOR, Carlos Augusto,IDEM,<br />
p.94.<br />
248 ADDOR, Carlos Augusto, op. cit, p.96-98.<br />
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