josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
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contra tais injustiças mantidas pelo sistema capitalista, e ―a revolução russa era <strong>um</strong>a<br />
inspiração aos <strong>militante</strong>s que tinham <strong>um</strong>a postura cada vez mais agressiva contra a<br />
burguesia e o Estado‖ 241 . A junção <strong>de</strong>sses problemas com o exemplo da Revolução Russa<br />
acabou por criar o campo i<strong>de</strong>al para a atuação dos <strong>militante</strong>s sindicais, fazendo com que<br />
eclodissem várias greves durante este período.<br />
Segundo Bartz,<br />
Este período que inicia em 1917 e vai até o início dos anos 20, em que a<br />
Revolução Russa eclo<strong>de</strong> e sua influência se espraia para outros países, é<br />
consi<strong>de</strong>rado também o momento <strong>de</strong> mais intensa mobilização por parte das<br />
organizações operárias na República Velha. As gran<strong>de</strong>s greves, [...] fizeram<br />
com que o movimento operário alcançasse <strong>um</strong>a posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na<br />
vida política dos principais centros urbanos do país, assustando os<br />
industrialistas e os fazen<strong>de</strong>iros que governavam a nossa república<br />
oligárquica. 242<br />
Toda a movimentação operária, segundo Oiticica, tinha como <strong>um</strong> dos principais<br />
motivos a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> inerente ao sistema econômico capitalista; o proletariado sofria e,<br />
por isso mesmo, organizava-se para lutar contra os responsáveis por seus males. O<br />
a<strong>um</strong>ento dos lucros por parte dos donos das indústrias não era dividido com os operários,<br />
pelo contrário, ―procuram sempre escon<strong>de</strong>r os lucros, ‗choram misérias‘, alegam dívidas, o<br />
imposto, as reformas e ameaçam <strong>de</strong> fechar as fábricas se lhes reclamam maior paga‖ 243 .<br />
Então, os trabalhadores cansados <strong>de</strong> serem explorados e ludibriados por seus patrões se<br />
organizariam para reivindicar o que lhes era <strong>de</strong> direito, este seria o motivo das greves. A<br />
exemplo disto, segundo Oiticica, temos a greve <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1917 em S. Paulo. A qual se<br />
<strong>de</strong>flagrou ―porque os operários, vendo-se instr<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> fortuna súbita dos Crespí,<br />
Matarazzo e Puglitsi, impuseram alta dos salários, pediram sua participação nos lucros<br />
centuplicados dos patrões. Estes resistiram. Queriam ganhar o máximo sozinhos‖. 244<br />
Com base no contexto brasileiro da época, Oiticica buscava justificar a realização e<br />
a necessida<strong>de</strong> da mobilização operária. Mesmo tendo <strong>um</strong>a maior atuação no movimento<br />
operário carioca, ao usar como exemplo <strong>de</strong> manifestação operária a greve paulista,<br />
241 BARTZ, Fre<strong>de</strong>rico Duarte. O horizonte Vermelho: o impacto da Revolução Russa no<br />
movimento operário do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, 1917-1920. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, ano 2008, p.71.<br />
242 BARTZ, Fre<strong>de</strong>rico Duarte, op. cit, p.52.<br />
243 OITICICA, José. ―O Motivo‖. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
244 OITICICA, José. ―O Motivo‖. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
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