josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
também po<strong>de</strong> ser pensada a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a proposição <strong>de</strong> Ban<strong>de</strong>ira, o qual afirma que,<br />
Os intelectuais que atuavam no movimento operário, socialistas ou<br />
<strong>anarquista</strong>s, estes, como Astrojildo Pereria, Evaristo <strong>de</strong> Morais, Maurício <strong>de</strong><br />
Lacerda, Murilo Araújo, Domigos Ribeiro Filho, Fábio Luz, José Oiticica,<br />
Edgard Leuenroth, Otávio Brandão, Everardo Dias, [...], Antonio Canelas,<br />
Agripino Nazaré, José Martins, Carlos Dias e muitos outros, colocaram-se<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro momento, ao lado da República dos Soviets. 237<br />
A situação do operariado e das classes menos abastadas, como já foi mencionado,<br />
era problemática. A Gran<strong>de</strong> Guerra intensificou os problemas da carestia <strong>de</strong> vida em geral:<br />
os salários dos operários eram baixos, a elevação dos preços <strong>de</strong> aluguéis e alimentos<br />
fazia com que o valor gasto para sua manutenção fosse maior do que o valor recebido em<br />
seu trabalho 238 . Segundo Batalha,<br />
A I Guerra Mundial permitiu <strong>um</strong>a recuperação da produção industrial a partir<br />
<strong>de</strong> 1916. À medida que os produtos importados <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> chegar aos<br />
portos brasileiros, as indústrias nacionais voltaram a empregar para aten<strong>de</strong>r<br />
ao crescimento da <strong>de</strong>manda. Ao mesmo tempo os trabalhadores<br />
enfrentavam <strong>um</strong>a escalada do custo <strong>de</strong> vida, ao passo que os salários<br />
permaneciam nos patamares anteriores à guerra 239<br />
Os <strong>anarquista</strong>s e <strong>de</strong>mais <strong>militante</strong>s do movimento operário, con<strong>de</strong>navam tal ação<br />
dos proprietários <strong>de</strong> fábricas e comércio e buscavam informar aos trabalhadores os<br />
motivos. Os ―gran<strong>de</strong>s jornais‖ informavam da prosperida<strong>de</strong> econômica brasileira, os<br />
intelectuais das causas sociais combatiam tais informações <strong>de</strong>monstrando que os únicos<br />
beneficiados eram os integrantes das classes <strong>de</strong> proprietários, afirmando que tal beneficio<br />
era justamente alcançado à custa do trabalho dos operários. Sobre isso escrevia Oiticica,<br />
Os industriais da guerra prosperaram no Brasil? Não há duvida.<br />
Prosperaram até <strong>de</strong>mais. Tiveram lucros fabulosos, <strong>de</strong> dois mil a trinta mil<br />
contos líquidos n<strong>um</strong> ano. Açambarcaram os gêneros <strong>de</strong> primeira<br />
necessida<strong>de</strong>, falsificaram à gran<strong>de</strong>, impuseram e impõem, nas barbas do<br />
comissariado os preços que lhes servem, exploram quanto po<strong>de</strong>m, a nós<br />
todos e aos nossos digníssimos aliados, isto é, a nossa pátria e a pátria<br />
<strong>de</strong>les. Foi-lhes ótimo negócio a guerra, como ótimo negócio foi para os<br />
banqueiros <strong>de</strong> toda a parte [...] 240<br />
Portanto, para Oiticica e seus companheiros <strong>de</strong> luta, era necessário movimentar-se<br />
237 BANDEIRA, Moniz. O ano vermelho: A revolução russa e seus reflexos no Brasil, op. cit,<br />
p.239.<br />
238 MARAM, Sheldon Leslie. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro:<br />
1890-1920, op. cit, p.133.<br />
239 BATALHA, Cláudio H. M. O Movimento Operário na Primeira República, op. cit, p.49.<br />
240 OITICICA, José. ―O Motivo‖. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
103