josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3.1 O Fervor Operário entre os anos 1917 e 1918 no Rio <strong>de</strong> Janeiro: Oiticica e<br />
outros <strong>militante</strong>s em plena ação<br />
Segundo Cristina Hebling Campos, no início <strong>de</strong> 1917, cinco sindicatos estavam<br />
filiados à F.O.R.J.: Sindicato Operário dos Ofícios Vários Sindicatos dos Sapateiros,<br />
Sindicato dos Operários em Pedreiras, Centro dos Operários Marmoristas e a Liga dos<br />
Empregados em Padarias. José Oiticica era filiado ao primeiro. Esse núcleo sindical,<br />
juntamente com o Centro Libertário, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram, no inicio daquele ano, <strong>um</strong>a<br />
―campanha contra o a<strong>um</strong>ento dos gêneros <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong> e dos impostos‖. 228 A<br />
partir das reuniões do grupo, foi criado o Comitê Central <strong>de</strong> Agitação e Propaganda contra<br />
a Carestia. Este Comitê realizava comícios em praças públicas informando a população e<br />
aconselhando a organizar-se contra os responsáveis por tais problemas que assolavam a<br />
vida dos trabalhadores. Assim sendo, acusavam os industriais e os políticos por apoiarem<br />
a Gran<strong>de</strong> Guerra, que era consi<strong>de</strong>rada <strong>um</strong> dos principais motivos da carestia <strong>de</strong> vida.<br />
Segundo Rodrigues, durante os quatro anos da Guerra o custo <strong>de</strong> vida subiu<br />
assustadoramente e a crise do trabalho a<strong>um</strong>entou a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e,<br />
consequentemente, a fome. A situação era tão precária que ―muitos chefes <strong>de</strong> família<br />
ofereciam-se para trabalhar por <strong>um</strong> prato <strong>de</strong> comida, tal era situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero.‖ 229<br />
Sobre a alteração do custo <strong>de</strong> vida, escreveu Oiticica: ―A Guerra Européia alterou as<br />
condições <strong>de</strong> existência em toda a Terra, alterou, necessariamente, o custo <strong>de</strong><br />
subsistência, prejudicou a todos, menos os industriais das munições <strong>de</strong> guerra, <strong>de</strong> boca ou<br />
<strong>de</strong> combate.‖ 230<br />
A questão da carestia tornou-se o carro chefe da organização operária; assim, a<br />
F.O.R.J, por meio dos jornais que auxiliavam na divulgação e <strong>de</strong>fesa da causa proletária,<br />
informava sobre os comícios que haviam acontecido e também os que ainda haveriam <strong>de</strong><br />
acontecer, além <strong>de</strong> sempre frisar qual era a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> combate e contra quem <strong>de</strong>veriam<br />
lutar. Assim, em março <strong>de</strong> 1917, o periódico O Clarim, que se <strong>de</strong>finia como quinzenário<br />
228 CAMPOS, Cristina Hebling. O sonhar Libertário: Movimento Operário nos Anos <strong>de</strong> 1917 a<br />
1921. Campinas, Ed. Da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas, 1988, p. 53.<br />
229 RODRIGUES, Edgar. Alvora Operária. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Mundo Livre, 1979, p.158.<br />
230 OITICICA, José. ―O Motivo‖. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.<br />
100