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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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Constant, ou seja, todos nomes alusivos à memória da recém criada República no<br />

Brasil, o que <strong>de</strong>monstra que os militares, além <strong>de</strong> ocupar os espaços, também queriam<br />

<strong>de</strong>senvolver na região a tradição cultural e política, por meio das <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong><br />

locais que faziam lembrar o novo regime político.<br />

Ao chegar <strong>de</strong>fronte aos saltos Muricy relata:<br />

É este o panorama que se avista da costa brazileira, panorama<br />

exclusivamente brazileiro, porque, a não ser dʼessa costa, e do ponto<br />

por nós <strong>de</strong>scortinado nʼaquella época, não há outro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se o possa<br />

avistar por completo. 228<br />

Ele estava do lado argentino vendo a costa brasileira, como se esta formasse no<br />

imaginário do autor uma visão do que seria o Brasil; ele queria passar aos seus leitoresa<br />

visão <strong>de</strong> que essas terras, suas paisagens, as matas, o rio, os saltos se tornassem<br />

membros da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> brasileira.<br />

No período em que José Muricy realizou sua viagem à região, o diretor<br />

<strong>de</strong>signado para cumprir funções na Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu, em 1896, foi o<br />

Coronel Graduado Joaquim <strong>de</strong> Salles Torres Homem. Este recebera verbalmente a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> serviço para essa região, mas o Coronel reclamou <strong>de</strong> sua vinda, pois à sua<br />

graduação militar não competia com o “commando <strong>de</strong> fronteiras”. No entanto, ele dizia<br />

tentar cumprir com sua missão junto a administração da Colônia Militar. 229<br />

3.2 A exploração dos recursos naturais – ma<strong>de</strong>ira, erva mate<br />

O trabalho numa Colônia Militar nesse período po<strong>de</strong>ria ser visto <strong>de</strong> modo<br />

ambigüo. Para um oficial recém formado tratava-se <strong>de</strong> cumprir suas funções em um<br />

lugar afastado dos gran<strong>de</strong>s centros, o que po<strong>de</strong>ria ser a chance <strong>de</strong> crescer na carreira<br />

pelos serviços prestados, além disso, serviria como experiência <strong>de</strong> comando, o que<br />

po<strong>de</strong>ria ser útil no Exército. No entanto, para oficiais graduados, como Torres Homem,<br />

que já era Coronel e esperava por uma promoção a General, servir em uma Colônia<br />

Militar afastada do centro <strong>de</strong> comando, era consi<strong>de</strong>rado nos meios militares como um<br />

castigo.<br />

228 I<strong>de</strong>m. p. 41.<br />

229 TORRES HOMEM, Joaquim <strong>de</strong> Salles. Relatório sobre a Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguassú,<br />

organizado pelo Diretor Coronel graduado Joaquim <strong>de</strong> Salles Torres Homem, e para ser apresentado ao<br />

Sr. Ministro dos Negócios da Guerra. Dezembro <strong>de</strong> 1897. [Acervo particular <strong>de</strong> Liliane da Costa Freitag].<br />

p. 01.<br />

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