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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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também gran<strong>de</strong> parte do território argentino e paraguaio. Continuando seu relato, José<br />

Muricy <strong>de</strong>staca a abundância do pinho da erva mate e outras ma<strong>de</strong>iras como elementos<br />

comerciáveis dos sertões. 221<br />

Ao chegar à Colônia Militar, o Tenente José Muricy relata que praticamente<br />

acabaram-se todos os alimentos, restando somente o que a floresta fornecia aos<br />

membros da Comissão Estratégica e à própria Colônia Militar: apenas os animais<br />

silvestres e pássaros que conseguissem caçar, além <strong>de</strong> plantas nativas ou oriundas das<br />

plantações que os colonos produziam na mesma, lembrando que essas plantações<br />

<strong>de</strong>moravam algum tempo até serem colhidas. A situação da Colônia Militar, <strong>de</strong>corridos<br />

três anos <strong>de</strong> sua fundação, não era das melhores:<br />

[...] sem dinheiro, sem gêneros alimentícios, quase sem credito,<br />

exhausta portanto <strong>de</strong> recursos atravessava ella uma quadra horrorosa e<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitos mezes, só se mantendo a custa dos inauditos sacrifícios e<br />

esforços sobrehumanos que fazia seu intelligente e patriótico vicediretor<br />

o alferes Edmundo Francisco Xavier <strong>de</strong> Barros, para não<br />

<strong>de</strong>ixar apparecer a pobreza que reinava em seus cofres. Infelizmente<br />

ella transpareceu e elle teve <strong>de</strong> luctar com a má vonta<strong>de</strong> dos<br />

negociantes, todos estrangeiros, que ou não queriam fornecer, ou<br />

forneciam os seus gêneros por preços exhorbitantes sem quererem<br />

cingir-se as variações do cambio, sem levarem em conta as suas<br />

differenças. 222<br />

Praticamente todos os outros gêneros alimentícios eram trazidos pelos<br />

comerciantes argentinos e a moeda corrente era o peso argentino; a moeda brasileira<br />

praticamente não tinha valor algum. “[...] O dinheiro brazileiro valia muito menos que o<br />

dinheiro argentino e paraguayo e isso até que o mesmo vice-director, valendo-se <strong>de</strong> sua<br />

autorida<strong>de</strong> fez com que elle nos domínios da colonia, tivesse seu verda<strong>de</strong>iro valor [...]”.<br />

Entretanto, essas medidas eram <strong>de</strong> pouca valia para argentinos e paraguaios que<br />

vendiam seus produtos aos brasileiros, mas em moeda corrente <strong>de</strong> seus países. Assim<br />

como, segundo José Muricy, o <strong>de</strong>scaso que o governo paranaense tratava a região e a<br />

Colônia Militar: “Tal era a má vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos, para essa Commisão, a quem o Paraná<br />

tanto <strong>de</strong>ve, que alem <strong>de</strong> não lhe darem o dinheiro necessário, moviam-lhe uma guerra<br />

surda, imcomprhensivel [...]”. 223<br />

A posição estratégica da Colônia Militar no ponto <strong>de</strong> vista militar é <strong>de</strong>stacada<br />

por José Muricy, que relata:<br />

221 I<strong>de</strong>m. p. 08.<br />

222 I<strong>de</strong>m. p. 20.<br />

223 I<strong>de</strong>m. p. 20.<br />

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