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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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tribais, dos perigos que os sertões proporcionavam como os “tigres” que constantemente<br />

eram atacados por essas feras.<br />

Os indígenas ainda tinham que fugir das perseguições que os paraguaios faziam<br />

sobre essas comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vido ao conflito sobre as terras. Os paraguaios acreditavam<br />

que essas terras lhes pertenciam por direito, pelo fato <strong>de</strong> que estes exploravam<br />

economicamente as matas os indígenas se tornavam uma população que atrapalhava a<br />

exploração do lugar, on<strong>de</strong> constantemente havia lutas pela conquista do espaço,<br />

especialmente se havia ma<strong>de</strong>ira e erva mate para serem colhidas.<br />

Os indígenas chegavam a realizar alguns trabalhos para os militares, conforme<br />

relata José Muricy: “Trabalhavam esses índios para a Comissão, ganhando em troca<br />

roupa, fumo e alimentação, único pagamento que aceitam, porque o dinheiro para elles<br />

não tem valor”. 219<br />

Após 1894 “[...] esses curiosos índios foram dispersos e os poucos que restam<br />

(crianças e mulheres) vivem hoje como colonos na Foz do Iguassú”. Segundo José<br />

Muricy, as populações indígenas não opuseram resistência alguma à ocupação dos<br />

militares na região, pois vários foram os fatores que dividiram as preocupações <strong>de</strong>sses<br />

índios, como os inimigos da natureza, os inimigos <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s diferentes que<br />

produziam guerras entre eles, os colonos argentinos e paraguaios que os expulsavam das<br />

terras e, por último, os militares brasileiros conseguiram que os mesmos se dividissem e<br />

procurassem outra localida<strong>de</strong> para viver, não se preocupando com os que ficaram para<br />

trás, <strong>de</strong>ixando a ocupação livre para os militares. Em seu relato José Muricy <strong>de</strong>stacou as<br />

riquezas naturais conforme se via ao passar pela estrada:<br />

As terras, como dissemos, cobertas <strong>de</strong> uma vegetação abundante, são<br />

<strong>de</strong> uma uberda<strong>de</strong> assombrosa, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se entra no sertao até que se<br />

chega ao magestoso Paraná, se é forçado a admirar a riquíssima flora,<br />

e a invejável fauna <strong>de</strong>ssas regiões, que são a continuação, para o sul,<br />

dos sertões dos valles do Paranapanema, Ivahy, Puiquiry, Cinzas e<br />

outros e que constituem a zona mais rica, mais fértil e <strong>de</strong> mais futuro<br />

<strong>de</strong> todo o Paraná e, sem receio <strong>de</strong> errar, do sul da Republica<br />

Brazileira. 220<br />

Nesse contexto <strong>de</strong> enaltecer as vantagens da natureza e da fauna, o autor se<br />

apropriou <strong>de</strong>sses recursos como sendo intrínsecos da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, como se<br />

pertencessem exclusivamente às terras brasileiras, visto que essa vegetação cobre<br />

219 I<strong>de</strong>m. p. 06.<br />

220 I<strong>de</strong>m. p. 07.<br />

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