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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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Outra dificulda<strong>de</strong> que as pessoas enfrentavam na região estava ligada às doenças<br />

que existiam e que eram então <strong>de</strong>sconhecidas pelo grupo responsável pela fundação da<br />

Colônia Militar. José Maria <strong>de</strong> Brito relata que o 1º Tenente Antônio Baptista da Costa<br />

Junior encontrava-se enfermo por vários dias e a Colônia Militar ainda não contava com<br />

o atendimento <strong>de</strong> um médico. Além disso, a gran<strong>de</strong> distância entre Foz do Iguaçu e<br />

Guarapuava e a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> um barco para po<strong>de</strong>r levar o militar para uma localida<strong>de</strong><br />

argentina po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>morar muito. Foi justamente por isso que uma senhora da<br />

localida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> nome Roza, aten<strong>de</strong>u o acamado. Brito assim <strong>de</strong>screve o atendimento,<br />

dizendo que Roza:<br />

[...] Mulher velha <strong>de</strong> muitos annos no Sertao, com gran<strong>de</strong> experiência<br />

dos costumes e das cousas sertanejas, gozando da famma <strong>de</strong> parteira e<br />

curan<strong>de</strong>ira, examinou nosso enfermo e constatou a existência <strong>de</strong><br />

bichos <strong>de</strong> vareja na narina affectada! Roza em pessoa, constituiu-se<br />

enfermeira do tenente e extrahiu o bicho, já revestido <strong>de</strong> cabellos, da<br />

narina affectada. 213<br />

O relato do Sargento José Maria <strong>de</strong> Brito elucida a situação que os militares<br />

estavam vivendo na região, ou seja, estavam privadas dos meios básicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que<br />

eles conheciam e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos conhecimentos das populações que ali viviam. O<br />

Tenente, após o ocorrido, pediu transferência para outra localida<strong>de</strong>. Remete-nos<br />

também sobre as formas que a população local curava suas doenças, ou seja, por meio<br />

<strong>de</strong> curan<strong>de</strong>iras que em geral eram pessoas com experiência em doenças da região que<br />

trabalhavam como médicos e receitavam medicamentos naturais as pessoas, realizando<br />

inclusive partos.<br />

Analisando outras problemáticas sobre a Colônia Militar e a região, verificamos<br />

a obra publicada pelo Tenente José Cândido da Silva Muricy 214 que realizou uma<br />

viagem até a colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu, no ano <strong>de</strong> 1892 e seu livro sobre a<br />

viagem foi editado em 1896. O conteúdo <strong>de</strong>sse livro foi motivo para que o autor<br />

realizasse várias palestras relatando sobre os sertões e especialmente sobre as belezas<br />

213 I<strong>de</strong>m. p. 71.<br />

214 José Muricy tornou-se 2º Tenente do Exército, em 1890 e com o plano <strong>de</strong> carreira implantado no<br />

período republicano, crescendo rapidamente em sua carreira, sendo que ele também foi um dos<br />

conspiradores <strong>de</strong>ntro do Exército para a mudança <strong>de</strong> regime político. Ao ser promovido serviu como<br />

auxiliar técnico da Comissão <strong>de</strong> Estradas Estratégicas do Paraná, com se<strong>de</strong> em Guarapuava. O militar era<br />

responsável pela manutenção e construção <strong>de</strong> estradas entre as colônias militares <strong>de</strong> Chopim, Chapecó e<br />

do Iguaçu.<br />

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