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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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A Colônia Militar foi oficialmente fundada em 20 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1892, com a<br />

portaria baixada pelo Ministério da Guerra, nomeando o Capitão Manoel Luiz <strong>de</strong> Mello<br />

Nunes como diretor da Colônia Militar e o Tenente Edmundo Francisco Xavier <strong>de</strong><br />

Barros como vice diretor. Assim, a Colônia Militar estava vinculada diretamente ao<br />

Ministério da Guerra. 211<br />

Com a fundação da Colônia Militar e estabelecida a estrutura <strong>de</strong> mando na<br />

mesma, a população, a princípio, ficou apreensiva por não saber ainda sobre as<br />

intenções dos militares na região. Antonio Marcos Myskiw analisando um processo<br />

crime <strong>de</strong>staca que:<br />

João Wan<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Oliveira e Manoel Gonçalves, ambos brasileiros,<br />

puseram-se (com auxilio <strong>de</strong> alguns trabalhadores paraguaios) a<br />

transportar as toras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lei para amargem direita do rio<br />

Iguaçu. Ambos os brasileiros foram surpreendidos e advertidos por<br />

um grupo <strong>de</strong> militares que estavam a realizar o levantamento das<br />

famílias e as áreas <strong>de</strong> terras ocupadas por elas junto às margens do rio<br />

Iguaçu. As toras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>veriam permanecer retidas para uso dos<br />

militares na construção das benfeitorias da se<strong>de</strong> colonial. A<br />

advertência tinha por função alertar a brasileiros e estrangeiros com<br />

relação à proibição <strong>de</strong> se extrair ma<strong>de</strong>ira e erva-mate das florestas<br />

brasileiras, salvo mediante a autorização do governo. 212<br />

Esse fato <strong>de</strong>monstra que os populares estavam preocupados com as ações dos<br />

militares na região e, na dúvida, tentaram proteger o fruto <strong>de</strong> seu trabalho e <strong>de</strong> seu<br />

sustento, mas nesse caso específico os militares chegaram antes da retirada da ma<strong>de</strong>ira.<br />

Oprocesso criminal foi instaurado porque após algum tempo os militares voltaram para<br />

levar a ma<strong>de</strong>ira à se<strong>de</strong> da Colônia Militar e ela já não se encontrava no mesmo local.<br />

Segundo José Maria <strong>de</strong> Brito, na região havia cerca <strong>de</strong> vinte portos conhecidos<br />

que serviam para carregar e <strong>de</strong>scarregar mercadorias dos comerciantes obrageros, e<br />

outros tantos ilegais até o Porto Men<strong>de</strong>s, região mais próxima a Guaíra e das Sete<br />

Quedas. Esses portos foram <strong>de</strong>sativados pela fiscalização que os militares passaram a<br />

fazer, permitindo que somente os comerciantes com autorização do governo pu<strong>de</strong>ssem<br />

trabalhar no ramo da erva mate e ma<strong>de</strong>ira.<br />

211 MOURA, Francisco Antonio <strong>de</strong>. Ministério da Guerra. Relatório apresentado ao vice-presi<strong>de</strong>nte dos<br />

Estados Unidos do Brazil pelo general Francisco Antonio <strong>de</strong> Moura, Ministro <strong>de</strong> Estado dos Negócios da<br />

Guerra, em abril <strong>de</strong> 1893. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. p. 54.<br />

212 MYSKIW, Antonio Marcos. A fronteira como <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> viagem... Op. Cit. p. 140. O autor baseou-se<br />

no processo crime <strong>de</strong> nº. 890.2.331, <strong>de</strong> 07/04/1890. Este processo está contido na Caixa n° 13 do Centro<br />

<strong>de</strong> Documentação e Memória <strong>de</strong> Guarapuava e Unicentro, p. 2.<br />

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