EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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Não só esse Estado não tem contribuído com cousa alguma, como<br />
entregue a sua administração um trecho da estrada, na extensão <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 36 kilometros, [...] nem siquer provi<strong>de</strong>nciou sobre a<br />
necessária conservação [...]. 162<br />
No ano <strong>de</strong> 1897, conforme o relatório do Ministro da Guerra, João Thomas<br />
Cantuária, mudou-se o Comando na Colônia Militar <strong>de</strong> Foz do Iguaçu, tornando-se<br />
diretor o Coronel Graduado <strong>de</strong> Estado Maior <strong>de</strong> 1ª classe Joaquim <strong>de</strong> Salles Torres<br />
Homem, e o Ministro Cantuária reforçou a idéia <strong>de</strong> se utilizar a ma<strong>de</strong>ira como<br />
instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da região, relatando as mais variadas espécies <strong>de</strong><br />
árvores que po<strong>de</strong>riam ser utilizadas para o comércio, assim como sobre pontos<br />
estratégicos do ponto <strong>de</strong> vista comercial, industrial, agrícola e militar <strong>de</strong> região. No<br />
entanto, ele reclamava veementemente sobre a falta <strong>de</strong> recursos que assolava a Colônia,<br />
a ponto <strong>de</strong> afirmar que a mesma estava <strong>de</strong>finhando. 163<br />
A ativida<strong>de</strong> comercial que prosperava na região era a retirada dos recursos<br />
naturais, a erva mate e a ma<strong>de</strong>ira, que contava com uma estrutura bem organizada,<br />
como relatou o Ministro da Guerra João Thomas Cantuária em 1897, “encontram-se<br />
caminhos em todas as direcções, abertos pelos cortadores <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, hervanarios e<br />
moradores visinhos em suas explorações”. 164<br />
O trabalho e o comércio dos recursos naturais da região movimentavam os<br />
trabalhadores na construção dos caminhos necessários para o escoamento e retirada<br />
<strong>de</strong>ssas matérias primas, coisa que nem os militares conseguiam por meio <strong>de</strong> sua<br />
Comissão Estratégica, que era responsável somente para construir e realizar a<br />
manutenção das estradas e da própria Colônia Militar. Seu efetivo constantemente<br />
reclamava da falta <strong>de</strong> recurso e <strong>de</strong> verbas para manter sua comunicação com outras<br />
regiões <strong>de</strong> forma contínua.<br />
Um grave problema que o Diretor da Colônia Militar enfrentava era <strong>de</strong>serção<br />
dos soldados rasos que:<br />
Devido á facilida<strong>de</strong> para a fuga com <strong>de</strong>stino próximo a territorio<br />
estrangeiro, á falta <strong>de</strong> inferiores idôneos, ao atrazo no pagamento <strong>de</strong><br />
vencimentos e outras causas, teem <strong>de</strong>sertado alguns soldados do<br />
162 CANTUARIA, João Thomas. Ministério da Guerra. Relatório apresentado ao Presi<strong>de</strong>nte dos Estados<br />
Unidos do Brazil pelo General <strong>de</strong> Divisão João Thomas Cantuaria Ministro <strong>de</strong> Estado dos Negócios da<br />
Guerra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, 1898. p. 30.<br />
163 I<strong>de</strong>m. p. 50. Veremos mais adiante que o Diretor da Colônia Militar Torres Homem se utilizara <strong>de</strong>ssa<br />
economia da ma<strong>de</strong>ira para alavancar os recursos que carecia a Colônia.<br />
164 I<strong>de</strong>m. p. 51.<br />
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