EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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A ma<strong>de</strong>ira, especialmente o pinho, <strong>de</strong>stacava-se como um dos principais<br />
produtos que alavancavam a economia da Província, no entanto o relatório expôs as<br />
dificulda<strong>de</strong>s que os serralheiros estavam passando: a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte da<br />
ma<strong>de</strong>ira até o porto, os altos impostos cobrados das ma<strong>de</strong>ireiras e a concorrência<br />
advinda <strong>de</strong> pinhos oriundos da América do Norte, com preços bem abaixo do mercado.<br />
Nesse sentido, os ma<strong>de</strong>ireiros pediam para que esse produto tivesse uma elevação na<br />
cobrança <strong>de</strong> impostos, para não fazer uma concorrência <strong>de</strong>sleal sobre o produto<br />
nacional. 125<br />
Mas, na década <strong>de</strong> 1880, a ma<strong>de</strong>ira paranaense sofreria com a concorrência dos<br />
importados, especialmente dos Estados Unidos e Canadá. O Presi<strong>de</strong>nte da Província,<br />
Joaquim d‟Almeida Faria Sobrinho, em 1888, relatou a valorização da moeda brasileira<br />
em comparação às estrangeiras e reclamou sobre o rebaixamento dos salários dos<br />
trabalhadores. Esses não entendiam a valorização da moeda em relação às outras e seu<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra, pois continuavam no Brasil e não compravam mercadorias importadas<br />
para seu cotidiano. Dessa forma, as mercadorias das quais faziam uso não apresentavam<br />
queda <strong>de</strong> preço <strong>de</strong>vido à valorização da moeda. Nota-se assimo mercado da ma<strong>de</strong>ira<br />
diminuir rapidamente na Província e o Presi<strong>de</strong>nte pediapara que os impostos referentes<br />
ao pinho estrangeiro subissem, pois:<br />
[...] lembrei a conveniência <strong>de</strong> representar-se á Assembléia Provincial<br />
pedindo o augmento <strong>de</strong> imposto sobre a importação do pinho<br />
estrangeiro.<br />
Apesar <strong>de</strong> não ter sido tomado em consi<strong>de</strong>ração o que assim indiquei,<br />
persisto na crença <strong>de</strong> que uma contribuição maior sobre os productos<br />
similares estrangeiros será a medida mais efficaz para que a industria<br />
<strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> nossos pinháes, em gran<strong>de</strong> escala, se levante da<br />
prostração e <strong>de</strong>sanimo em que vai cahindo. 126<br />
Percebe-se que a ma<strong>de</strong>ira, juntamente com a erva mate, iriam se tornar os<br />
produtos mais comercializados pela Província e, posteriormente, pelo Estado do Paraná.<br />
A concentração <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra dos colonos e imigrantes com certeza estava ligada à<br />
retirada e à comercialização <strong>de</strong>stes produtos.<br />
Já na região Oeste do Paraná esses produtos também seriam os principais<br />
comercializados nas obrages, mas com uma diferença notável: enquanto na região Leste<br />
125 I<strong>de</strong>m. p. 30 – 33.<br />
126 SOBRINHO, Joaquim dʼAlmeida Faria. Relatório apresentado à Assembléia Legislativa do Paraná<br />
pelo Exm. Snr. Dr. Joaquim d‟Almeida Faria Sobrinho. Curitiba: Tip. da Gazeta Paranaense, 1888. p. 41<br />
– 42.<br />
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