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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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No inicio da colonização os relatórios <strong>de</strong>monstram que o governo provincial vê<br />

o indígena como um problema a formação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> “civilizada”, por outro<br />

lado o mesmo governo procurou, conforme consta no relatório fornecido pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Província <strong>de</strong> contar com a ajuda <strong>de</strong> índios “civilizados” para incentivar os<br />

outros índios a viverem <strong>de</strong> forma pacífica com a população colona que ocupava as terras<br />

da região. Com essa finalida<strong>de</strong> o Presi<strong>de</strong>nte forneceu-lhes:<br />

1º Machados, enchadas, fouces, espingardas, e alguma fazenda.<br />

2º Dous bois para os trabalhos <strong>de</strong> construccão <strong>de</strong> huma gran<strong>de</strong> casa,<br />

em que todos morem juntos, e melhor se <strong>de</strong>fendão <strong>de</strong> algum assalto do<br />

índios bárbaros, seos mortaes inimigos.<br />

3º Or<strong>de</strong>m para ser-lhe entregue hum filho, que se achava em casa <strong>de</strong><br />

pessoa daquelle município. 88<br />

No ano <strong>de</strong> 1863, consta no relatório do vice presi<strong>de</strong>nte da Província do Paraná,<br />

Sebastião Gonçalves da Silva, que os índios que viviam próximos à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Guarapuava organizaram uma revolta contra os brancos, pelo fato <strong>de</strong> quea presença dos<br />

colonos era cada vez mais marcante em suas terras. Assim, os mesmos organizaram<br />

ataques bastante próximos a Guarapuava e em regiões avançadas <strong>de</strong> colonos, como a<br />

localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chagú, on<strong>de</strong> foram vitimadas duas mulheres, três homens e seis<br />

meninos. 89<br />

Dessa forma, é possível perceber que para a colonização efetiva da Província<br />

existia um problema no meio do caminho: os indígenas. Em 1877, o presi<strong>de</strong>nte<br />

Lamenha Lins comenta sobre o “problema” que os índios representam:<br />

A experiência vae <strong>de</strong>monstrando cada vez mais que não se po<strong>de</strong><br />

colher resultados immediatos dos esforços empregados para chamar á<br />

vida social e aos hábitos <strong>de</strong> trabalho, o selvagem brasileiro. [...]<br />

Felizmente não se tem repetido os attentados sanguinolentos que os<br />

selvagens praticaram em annos anteriores contra os pacíficos<br />

habitantes das proximida<strong>de</strong>s dos sertões. 90<br />

Sobre os índios, notamos que as autorida<strong>de</strong>s provinciais já não viam nos<br />

al<strong>de</strong>amentos uma solução para “civilizar” o indígena. Os atentados, relatados pelo<br />

88 I<strong>de</strong>m. p. 60.<br />

89<br />

SILVA, Sebastião Gonçalves da. Relatório apresentado à Assembléia legislativa da Província do<br />

Paraná, pelo 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte Sebastião Gonçalves da Silva na abertura da 1ª Sessão da 6ª legislatura,<br />

em 21 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1864. Curitiba: Typ. Cândido Martins Lopes, 1864. p. 30.<br />

90 LINS, Lamenha. Relatório apresentado à Assembléia Legislativa do Paraná no dia 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

1877 pelo presi<strong>de</strong>nte da província, o excellentíssimo senhor doutor Adolpho Lamenha Lins. Curitiba:<br />

Typ. Da viúva Lopes, 1877. p. 107.<br />

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