14.10.2014 Views

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

proibidas as aquisições <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>volutas por outros títulos que não sejam o <strong>de</strong><br />

compra.” 77<br />

No caso das Colônias Militares, nas quais as terras em que elas estavam<br />

inseridas eram <strong>de</strong>volutas, seus administradores dividiam o território correspon<strong>de</strong>nte em<br />

lotes, geralmente <strong>de</strong> 20 e no máximo 50 hectares, como afirma Boutin. Apesar da Lei <strong>de</strong><br />

Terras sofrer gran<strong>de</strong> alteração no período republicano 78 , provavelmente a base dos<br />

contratos realizados entre administração da Colônia Militar e colonos se manteve,<br />

especialmente pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar pessoas para se estabelecer nessas terras.<br />

Os produtos das lavouras particulares pertenciam exclusivamente aos colonos,<br />

que podiam vendê-los na própria colônia ou reservá-los para o consumo familiar. Se<br />

<strong>de</strong>sejassem ven<strong>de</strong>r os seus produtos na colônia teriam que obe<strong>de</strong>cer a uma tabela <strong>de</strong><br />

preços estabelecida pelo diretor. O principal comprador <strong>de</strong>sses produtos era o próprio<br />

exército, que tinha soldados e cavalos para sustentar. 79<br />

Vários eram os problemas enfrentados pelos administradores e pelas populações<br />

que ali residiam. Para os oficiais do Exército, um gran<strong>de</strong> problema estava ligado aos<br />

soldados. Boutin comenta sobre esse assunto:<br />

Alguns soldados <strong>de</strong>sertaram, o que era comum no exército imperial,<br />

pois eram arregimentados à força, mesmo casados. Além disso eram<br />

recrutados nas camadas sociais menos favorecidas. Muitas vezes<br />

ignorantes e viciados, <strong>de</strong> modo que tornava muito difícil aos chefes<br />

incutir neles os princípios da disciplina e instruções militares. A esse<br />

respeito era comum na imprensa provincial as notícias <strong>de</strong> arruaças e<br />

<strong>de</strong>srespeito à proprieda<strong>de</strong>, praticados por soldados do 3º Regimento <strong>de</strong><br />

Cavalaria <strong>de</strong> Curitiba. 80<br />

A localização da Colônia Militar, em um lugar <strong>de</strong> sertão, longe dos centros<br />

urbanos, com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso e impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gastar o soldo militar<br />

<strong>de</strong>sestimulava a permanência <strong>de</strong>sses militares nessas regiões, além do fato <strong>de</strong> que o<br />

serviço militar, em fins do século XIX, não era uma obrigação cívica, mas um castigo, o<br />

que levava os soldados a abandonarem seus postos <strong>de</strong> serviços e fugirem à<br />

responsabilida<strong>de</strong> militar.<br />

77 Lei <strong>de</strong> Terras <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1850.<br />

78 Ver CARVALHO, Ely Bergo <strong>de</strong>. A Mo<strong>de</strong>rnização do Sertão: terras, florestas, Estado e lavradores na<br />

colonização <strong>de</strong> Campo Mourão, Paraná, 1939 – 1954. Tese <strong>de</strong> Doutoramento apresentada na UFSC –<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina – Florianópolis; Santa Catarina. 2008.<br />

79 I<strong>de</strong>m. p. 38.<br />

80 I<strong>de</strong>m. p. 51.<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!