EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
preparava para a guerra que se chamaria <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Tríplice Aliança.<br />
[...] uma quarta finalida<strong>de</strong>: tornar-se um núcleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico e <strong>de</strong> povoamento <strong>de</strong> uma região já apontada pelos<br />
viajantes como <strong>de</strong> excelentes qualida<strong>de</strong>s para a agricultura. 66<br />
Boutin retrata que as colônias militares <strong>de</strong> Chapecó e <strong>de</strong> Chopim “[...] foram<br />
criadas e fundadas em função direta da questão <strong>de</strong> fronteiras havida entre o Império do<br />
Brasil e a Argentina: a questão <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Palmas” (ou Missões) 67 . Sobre os<br />
objetivos do governo imperial referentes à fundação da colônia é possível observar suas<br />
intenções com “O artigo 2º dava as finalida<strong>de</strong>s: a) <strong>de</strong>fesa da fronteira. b) proteção dos<br />
habitantes dos Campos <strong>de</strong> Palmas, Erê, Chagú e Guarapuava contra a incursão dos<br />
índios” 68 . A região era conhecida pelos nomes <strong>de</strong> Chagú ou Campos do Chagú, que se<br />
situava 20 léguas a oci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Guarapuava, on<strong>de</strong> havia um al<strong>de</strong>amento indígena criado<br />
pelo Aviso imperial <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1858.<br />
Como vimos, uma das finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa colônia era a <strong>de</strong> proteger as populações<br />
ali resi<strong>de</strong>ntes contra o ataque <strong>de</strong> índios, para que o comércio fluísse. Uma das táticas<br />
utilizadas era a <strong>de</strong> al<strong>de</strong>á-los, como no período dos Jesuítas, reservá-los em uma colônia<br />
com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “civilizar” esses índios. A colônia militar situava-se on<strong>de</strong><br />
atualmente é a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jataizinho, próxima à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>. 69<br />
Ainda referente aos indígenas cabe citar o que Boutin escreveu sobre os<br />
mesmos:<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente entendia-se por catequese o trabalho <strong>de</strong> trazer os<br />
índios para a civilização brasileira. Mas esse trabalho só foi eficiente<br />
mais tar<strong>de</strong>, realizada pela frente pioneira das populações humil<strong>de</strong>s que<br />
por força das circunstâncias misturou-se com os índios através do<br />
casamento e criando assim uma nova raça <strong>de</strong> pioneiros. 70<br />
No entendimento <strong>de</strong> Boutin, o processo <strong>de</strong> civilização concretizou-se por meio<br />
da miscigenação entre as populações mais pobres da região com os indígenas,<br />
conhecidos atualmente como caboclos. Tais afirmações do autor não são<br />
66 BOUTIN, Leônidas. Colônias Militares na Província do Paraná. Curitiba: Separata do Boletim do<br />
IHGEP, Nov/1977. p. 19.<br />
67 I<strong>de</strong>m. p. 31.<br />
68 I<strong>de</strong>m. p. 31.<br />
69<br />
Sobre a política dos al<strong>de</strong>amentos; Cf: MOTA, Lúcio Ta<strong>de</strong>u. o INSTITUTO HISTÓRICO E<br />
GEOGRÁFICO BRASILEIRO E AS PROPOSTAS DE INTEGRAÇÃO DAS COMUNIDADES<br />
INDÍGENAS NO ESTADO NACIONAL. IN: II Reunion <strong>de</strong> Antropologia <strong>de</strong>l Mercosur: Fronteras<br />
culturales y Ciudadania - GT 27 “Etnicida<strong>de</strong>s y Estados Nacionales”. Piriapolis (Uruguay), 11 a<br />
14/11/1997. P. 149 – 175.<br />
70 BOUTIN, Leônidas. Colônias Militares na Província do Paraná. p. 25.<br />
40