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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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Paraná em <strong>de</strong>senvolver essa potencialida<strong>de</strong> social e econômica. Na pesquisa <strong>de</strong> Liliane<br />

da Costa Freitag, ela <strong>de</strong>staca:<br />

Embora a região extremo-oeste do Paraná estivesse aparentemente<br />

fora da área <strong>de</strong> interesse imediato dos governantes paranaenses, nesse<br />

período, isto não significou que estivesse relegada ao esquecimento.<br />

Ao longo <strong>de</strong>sse período muitos olhares visavam à preservação <strong>de</strong>ssa<br />

área para o Estado. Essa região constituía-se em uma vasta extensão<br />

<strong>de</strong> terras recobertas <strong>de</strong> ervais e matas. Muito embora fosse<br />

apresentado, ainda no início do século XX, como um território vazio e<br />

inóspito, aparentemente sem civilização, muitos estrangeiros e<br />

migrantes lá se mantinham vivendo <strong>de</strong> seu trabalho e <strong>de</strong> sua produção<br />

em sua maioria no interior <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong><br />

obrage. Esse termo, retirado do castelhano, passou a <strong>de</strong>signar extensas<br />

unida<strong>de</strong>s extrativistas <strong>de</strong> erva-mate e ma<strong>de</strong>ira instaladas em regiões <strong>de</strong><br />

clima subtropical, na Argentina e no Paraguai. 58<br />

Para as terras do Estado do Paraná dava-se a atribuição <strong>de</strong> serem imensos<br />

espaços ditos “vazios”, como <strong>de</strong>staca Freitag. O Paraná sofria com a não interiorização<br />

<strong>de</strong>sses espaços econômicos explorados por outras nações. No caso da região <strong>de</strong> conflito,<br />

os obrageros argentinos conseguiam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período imperial concessões <strong>de</strong> terras para<br />

explorar as vastas vegetações nativas <strong>de</strong> erva mate e retirar ma<strong>de</strong>ira.<br />

Freitag faz consi<strong>de</strong>rações referentes à Constituição brasileira, sobre a possível<br />

invasão estrangeira nas fronteiras do Estado, especialmente nas paranaenses, assim<br />

como a espoliação <strong>de</strong>sses grupos aos cofres públicos, retirando a riqueza natural da<br />

região sem a permissão do Estado para esse fim.<br />

A Constituição republicana <strong>de</strong> 1891, criou condições jurídicas para o<br />

surgimento das obrages no Paraná. Seu artigo 64 <strong>de</strong>legava aos estados<br />

o direito <strong>de</strong> legislar sobre extensões <strong>de</strong> terras em seus respectivos<br />

territórios. Em função disso, o Estado do Paraná, sem consi<strong>de</strong>rar a<br />

nacionalida<strong>de</strong> do comprador, ven<strong>de</strong>u e conce<strong>de</strong>u terras [...]. 59<br />

Nesse sentido, para a Província do Paraná ocupar a região, como pretendiam os<br />

políticos paranaenses, por meio da utilização <strong>de</strong>ssas terras por colonos estrangeiros,<br />

também era um gran<strong>de</strong> problema, principalmente pela forma eleita pelo governo<br />

republicano que possibilitou a venda ou a concessão <strong>de</strong>ssas terras a estrangeiros.<br />

58 FREITAG, Liliane da Costa. EXTREMO-OESTE PARANAENSE: história territorial, região,<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e (re) ocupação. 2007. 209 f. Tese (Doutorado em História) – <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Estadual</strong> Paulista<br />

“Julio <strong>de</strong> Mesquita Filho”, Franca, SP: 2007; p. 23 – 24.<br />

59 FREITAG, Liliane da Costa. Fronteiras perigosas... Op. Cit. p. 54.<br />

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