EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
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linha imaginária seria um dos motivos para o litígio entre Brasil e Argentina no século<br />
XIX, que veremos mais adiante. 44<br />
O governo brasileiro tinha como imaginário fronteiriço baseado, no que Magnoli<br />
<strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> “mito da ilha Brasil”, os limites territoriais que se inspiravam nos cursos<br />
dos rios Uruguai, Paraguai, Guaporé e Mamoré e pelo vale drenado pelos afluentes do<br />
Amazonas. 45<br />
Para pôr em prática aquilo que os políticos brasileiros entendiam como ilha<br />
Brasil, especificado por Magnoli, houve muitos conflitos, especialmente com a<br />
Argentina e com o Paraguai. Em relação ao último país, ocorreu a Guerra do Paraguai<br />
entre 1864 a 1870. Apesar da guerra não ter claramente objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação<br />
fronteiriça, acarretou discussões posteriores sobre o assunto. Já em relação à Argentina,<br />
o caso <strong>de</strong> Palmas é o mais conhecido, envolvendo questões relacionadas às<br />
<strong>de</strong>limitações 46 , como veremos adiante.<br />
Segundo Oliveira, o conflito fronteiriço entre Brasil e Paraguai remonta ao<br />
período colonial: “A tensão fronteiriça entre Brasil e Paraguai tem origem no processo<br />
<strong>de</strong> colonização européia na América e se <strong>de</strong>ve, em gran<strong>de</strong> medida, às diversas<br />
interpretações possibilitadas pela imprecisão dos tratados <strong>de</strong> limites estabelecidos e<br />
revistos ao longo da História.” 47<br />
A guerra contra o país vizinho aparentemente <strong>de</strong>u termo à polêmica. Os conflitos<br />
relacionados à <strong>de</strong>limitação dos limites fronteiriços com o Paraguai estavam <strong>de</strong> certa<br />
forma, resolvidos, pois, <strong>de</strong>pois da guerra contra esse país, um tratado <strong>de</strong>limitando as<br />
fronteiras territoriais foi assinado em 1882. Marcio Gimenes <strong>de</strong> Oliveira transcreve o<br />
texto que remete à <strong>de</strong>limitação das linhas fronteiriças:<br />
Assim indica o artigo 1‟ do Tratado <strong>de</strong> 1872:<br />
O território do Império do Brasil divi<strong>de</strong>-se com a da República do<br />
Paraguay pelo álveo do rio Paraná, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> on<strong>de</strong> começa as possessões<br />
brasileiras na foz do rio Iguassú até o Salto Gran<strong>de</strong> das Sete Quedas<br />
do mesmo rio Paraná;<br />
Do Salto Gran<strong>de</strong> das Sete Quedas continua a linha divisória pelo mais<br />
alto da Serra <strong>de</strong> Maracaju até on<strong>de</strong> ela finda;<br />
Daí segue em linha reta, ou que mais se lhe aproxime, pelos terrenos<br />
mais elevados a encontrar a Serra do Amambahy;<br />
44 I<strong>de</strong>m. p 16.<br />
45 Cf. MAGNOLI. Demétrio. O corpo da pátria... Op. Cit. p. 45 – 61.<br />
46 MAGNOLI, Demétrio. Uma ilha chamada Brasil... Op. Cit. p. 17.<br />
47 OLIVEIRA, Marcio Gimenes <strong>de</strong>. A Fronteira Brasil e Paraguai: principais fatores <strong>de</strong> tensão do período<br />
colonial até a atualida<strong>de</strong>. (dissertação <strong>de</strong> mestrado) <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Brasília. Instituto <strong>de</strong> Ciências<br />
Humanas. Departamento <strong>de</strong> Geografia, 2008. p. 27.<br />
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