14.10.2014 Views

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Paraguai), em cujo território incluía-se também aquela área <strong>de</strong> litígio, entre os rios<br />

Chapecó e Chopim”. 40<br />

Os vários conflitos governamentais gerados <strong>de</strong>vido à posse das terras<br />

paranaenses e catarinenses, obtidas por meio da fundação <strong>de</strong> colônias militares sobre<br />

<strong>de</strong>limitações fronteiriças, remetem à problemática da formação do Estado enquanto<br />

nação, pois as mesmas foram um dos instrumentos <strong>de</strong> tal formação, como <strong>de</strong>staca o<br />

autor Demétrio Magnoli:<br />

O Estado contemporâneo ergueu-se sobre a <strong>de</strong>limitação precisa do<br />

território e a imposição <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m jurídica homogênea. A nação<br />

ergueu-se sobre a consciência da unida<strong>de</strong> cultural e do <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> um<br />

povo, expressa nos símbolos da pátria e apoiada na distinção entre o<br />

natural e o estrangeiro. Apenas o Estado-nação associou<br />

<strong>de</strong>finitivamente os conceitos <strong>de</strong> povo e nação ao território,<br />

estabelecendo os vínculos <strong>de</strong> natureza abstrata – ou seja: i<strong>de</strong>ológicos –<br />

entre eles. 41<br />

Dessa forma, o Estado buscou, com a <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> sua fronteira, a formação<br />

do sentimento <strong>de</strong> nação. Assim, o fenômeno fronteira também não é natural ou um<br />

termo redutor <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação territorial, mas sim um conceito que une e separa, como<br />

<strong>de</strong>staca Gilmar Arruda:<br />

Isso quer dizer que o fenômeno da fronteira é essencialmente social,<br />

isto é, resultado da ação <strong>de</strong> grupos sociais – po<strong>de</strong>r-se-ia dizer<br />

populações – que separa seu território, reafirmando-o pela ampliação,<br />

pela <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> fronteiras existentes, ou, ainda, e para o campo dos<br />

historiadores o mais importante, inventando os limites. Po<strong>de</strong>-se dizer,<br />

efetivamente, que todas as fronteiras, inclusive aquelas que ganham<br />

uma representação gráfica através <strong>de</strong> mapas, são o resultado <strong>de</strong><br />

invenções históricas promovidas por grupos sociais em busca <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. 42<br />

Nesse aspecto, no isolamento das colônias militares, coube aos militares tentar<br />

introduzir uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, política, cultural, entre outras, oriundas daquilo que<br />

eles entendiam como nacional. Por outro lado, tiveram que conviver com uma forma<br />

diferenciada <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> praticada pelas populações resi<strong>de</strong>ntes na região, que mesmo<br />

40 LOPES, Sergio. O território do Iguaçu... Op. Cit. p. 76 (grifo nosso).<br />

41 MAGNOLI. Demétrio. O corpo da pátria: imaginação geográfica e política externa no Brasil (1808 –<br />

1912). São Paulo: Edunesp/Mo<strong>de</strong>rna, 1997. p. 15.<br />

42 ARRUDA, Gilmar História, historiadores, regiões e fronteiras. História: <strong>de</strong>bates e tendências. Passo<br />

Fundo: Editora/ UFP – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História. V. 3. N. 2 – <strong>de</strong>zembro/2002. PP. 49 –<br />

63. p. 57.<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!