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EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina

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Mas, logo no início da fase <strong>de</strong> levantamento e arrolamento das fontes,<br />

foi encontrado o elemento histórico unificador <strong>de</strong>ssa região em estudo.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> exploração e predação das riquezas<br />

naturais, que foi implantado na região, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as últimas décadas do<br />

século passado, até, aproximadamente, a década <strong>de</strong> 50 do século atual.<br />

É o sistema das obrages. 8<br />

O sistema <strong>de</strong> obrages 9 , segundo Wachovicz, predominou na região nas mesmas<br />

características até a década <strong>de</strong> 1940. A partir <strong>de</strong>sse período surge uma nova forma <strong>de</strong><br />

promover a colonização da região, em pequenas proprieda<strong>de</strong>s, que investindo em uma<br />

frente pioneira reconstruiria a história <strong>de</strong>sse espaço.<br />

As obrages, segundo Wachovicz, empregavam praticamente todos os moradores<br />

<strong>de</strong>ssas terras. O dono da obrage era o gran<strong>de</strong> latifundiário, que retirava das matas da<br />

região os produtos como a erva-mate e a ma<strong>de</strong>ira, e era também o responsável pela<br />

contratação da mão-<strong>de</strong>-obra para realizar o trabalho <strong>de</strong> extração <strong>de</strong>sses produtos das<br />

matas, os quais eram comercializados na capital Argentina, Buenos Aires.<br />

Pelo fato <strong>de</strong> as obrages necessitarem <strong>de</strong> muita mão-<strong>de</strong>-obra para extrair a ervamate<br />

e a ma<strong>de</strong>ira, os obrageros utilizaram-se da vasta mão-<strong>de</strong>-obra que, para<br />

Wachovicz, eram:<br />

[...] o guarani mo<strong>de</strong>rno, que escapou dos paulistas e dos colonos<br />

paraguaios, caía novamente nas mãos ávidas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s e fáceis<br />

lucros dos obrageros. Eram, portanto, grupos ainda indígenas, que<br />

conservavam muitas <strong>de</strong> suas tradições, mas que não viviam em regime<br />

tribal. O conflito entre índios e civilizados <strong>de</strong>u lugar a um modus<br />

vivendi que permitiu as populações indígenas sobreviver e conservar<br />

vários aspectos <strong>de</strong> sua cultura tradicional. Eram populações<br />

produtoras e consumidoras, integradas, portanto, na economia<br />

regional, embora com status muito baixo. 10<br />

Os “guaranis mo<strong>de</strong>rnos”, ou seja, os indígenas al<strong>de</strong>ados pelos jesuítas,<br />

posteriormente viveriam entre os colonos paraguaios, aceitando a condição <strong>de</strong><br />

assalariados nessas terras e a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> mensús 11 . As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração,<br />

8 I<strong>de</strong>m. p. 11.<br />

9 Obrages: gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terras fornecidas através <strong>de</strong> concessões dadas pelo governo do Estado,<br />

principalmente para a exploração <strong>de</strong> erva-mate, eram empreendimentos <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s do<br />

Oeste e Sudoeste do Paraná antes da colonização mo<strong>de</strong>rna do Paraná. Cf: WACHOWICZ, Ruy<br />

Cristovam. Obrageros, Mensus e Colonos. Op. Cit.<br />

10 WACHOWICZ, Ruy Cristovam. Obrageros, Mensus e Colonos. Op. Cit. p. 47.<br />

11 Mensús: era nome atribuído ao individuo que se propunha a trabalhar braçalmente numa obrage. É<br />

equivalente a peão. Recebia por mês, ou pelo menos sua conta corrente era movimentada mensalmente.<br />

Vem do espanhol: mensual, isto é; mensalista.<br />

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