EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
EVANDRO RITT - Universidade Estadual de Londrina
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
os Mosquitos:<br />
Ouro problema da região da Colônia Militar, apontado por Silveira Netto eram<br />
[...] os mosquitos que meses atrás, flagelavam impiedosamente não só<br />
a espécie humana, mas animais como os <strong>de</strong> montaria, em maior<br />
porção ali, inflingindo-lhes o minúsculo e terrível inseto uma<br />
perseguição cruel e persistente a fervilhar em nuvens compactas sobre<br />
a cabeça e o dorso das vítimas, que se agrupam no campo,<br />
aconchegados corpo a corpo, até que em <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa se<br />
dispersam em disparo violento [...]. 305<br />
As pessoas tinham como se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r. Por certo utilizavam roupas especiais ou<br />
algum outro modo <strong>de</strong> proteção contra esse inseto, mas os animais, como no relato, não<br />
tinham a mesma sorte; a única forma <strong>de</strong> tentar se livrar <strong>de</strong>sse inseto era correr<br />
<strong>de</strong>sesperadamente.<br />
A presença <strong>de</strong> Silveira Netto, inspetor da Mesa <strong>de</strong> Rendas do Ministério da<br />
Fazenda na região foi até os primeiros meses 1906, ano em que o rio Paraná teve uma<br />
<strong>de</strong> suas maiores cheias, causando ali gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stroços. Mas após as cheia vieram os<br />
pernilongos, especialmente os transmissores da infecção palustre que “[...] pela primeira<br />
vez, eu e toda a minha família adoecemos naquele retiro selvático e antes<br />
magnificamente sadio [...]. O remédio para esse mal era a “[...] infusão quente <strong>de</strong> casca<br />
<strong>de</strong> limão, [...] e um medicamento italiano, isanoféles, para a malaria, importado <strong>de</strong><br />
Posadas [...].” 306<br />
O relato <strong>de</strong> Silveira Netto como poeta e funcionário público <strong>de</strong> carreira nos<br />
mostra outro ponto <strong>de</strong> vista sobre a colonização da região. Os fatos elencados pelo<br />
narrador diferem dos militares. Em seu livro ele <strong>de</strong>staca as questões ligadas à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
do brasileiro naquela região, ou a falta <strong>de</strong>la para os moradores da Colônia Militar.<br />
Outro relato analisado é o livro <strong>de</strong> memórias <strong>de</strong> Ottilia Schimmelpfeng. Ottília<br />
Shimmelpfeng era filha <strong>de</strong> Jorge Schimmelpfeng, primeiro prefeito da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Foz do<br />
Iguaçu, cuja gestão durou <strong>de</strong>z anos, nasceu em 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1907. Em 1915<br />
mudou-se para Curitiba com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar seus estudos e em 1922 formou-se<br />
no segundo grau, incluindo o conhecimento das línguas inglesa e francesa e retornou a<br />
Foz do Iguaçu. A partir <strong>de</strong> 1928 tornou-se professora no Grupo Escolar Bartolomeu<br />
Mitre. Trabalhou na Prefeitura <strong>de</strong> Foz do Iguaçu, recebeu vários prêmios e homenagens<br />
na cida<strong>de</strong> e em 1991 publica um livro relatando suas memórias sobre seu pai, Jorge<br />
305 I<strong>de</strong>m. p. 47.<br />
306 I<strong>de</strong>m. p. 47.<br />
126